30 setembro, 2005

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 30 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Jerónimo, presbítero, cardeal, Doutor da Igreja, séc. IV


Livro de Baruc 1,15-22.
«Eis o que direis: “Para o Senhor nosso Deus, a justiça; para nós, porém, a vergonha, estampada no rosto, como acontece hoje para os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém, para os nossos reis e príncipes, os sacerdotes, os profetas e os nossos antepassados, porque pecámos contra o Senhor. Desobedecemos ao Senhor nosso Deus, não ouvimos a sua voz nem seguimos os mandamentos que Ele nos deu. Desde o dia em que o Senhor tirou os nossos pais da terra do Egipto até hoje, temos desobedecido ao Senhor, nosso Deus e, na nossa leviandade, recusámos ouvir a sua voz. Por isso, agora, persegue-nos o infortúnio e a maldição que o Senhor predissera pela boca de Moisés, seu servo, quando tirou os nossos pais da terra do Egipto, a fim de nos dar uma terra onde mana leite e mel. Nós, porém, não escutámos a voz do Senhor, nosso Deus, conforme a palavra dos profetas, que Ele nos enviou. Cada um de nós, andou segundo as inclinações do seu mau coração, servindo deuses estrangeiros e praticando o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus”.
Livro de Salmos 79,1-5.8-9.
Deus, os pagãos invadiram a tua herança, profanaram o teu santo templo e reduziram Jerusalém a um montão de ruínas. Deram os cadáveres dos teus servos em alimento às aves do céu e os corpos dos teus fiéis, às feras selvagens. Derramaram o seu sangue como água, em torno de Jerusalém, e ninguém lhes deu sepultura. Tornámo-nos motivo de escárnio para os vizinhos, de irrisão e opróbrio para os que nos rodeiam. Até quando, SENHOR, estarás ainda irritado? Será a tua indignação como um fogo abrasador? Não recordes contra nós as faltas dos nossos antepassados; venha depressa ao nosso encontro a tua misericórdia, porque chegámos ao fim das nossas forças. Socorre-nos, ó Deus, nosso salvador, para glória do teu nome; livra-nos e perdoa-nos pelo amor do teu nome.
Evangelho segundo S. Lucas 10,13-16.
Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sídon se tivessem operado os milagres que entre vós se realizaram, de há muito que teriam feito penitência, vestidas de saco e na cinza. Por isso, no dia do juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sídon do que para vós. E tu, Cafarnaúm, porventura serás exaltada até ao céu? É até ao inferno que serás precipitada. Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santa Catarina de Génova (1447-1510), leiga, mística O livre arbítrio

Consentir na conversãoDeus alenta a pessoa a levantar-se do pecado, depois, com a luz da fé, ilumina-lhe a inteligência e, logo, por meio de um certo gosto e deleite excita-lhe a vontade. Tudo isto realiza Deus num instante, se bem que nós o descrevamos com muitas palavras e o situemos num intervalo de tempo.Esta obra fá-la Deus mais ou menos nas pessoas, de acordo com o fruto que Ele prevê. A cada uma é dada luz e graça a fim de que, fazendo o que estiver a seu alcance, possa salvar-se com tal de dar o seu consentimento. Este consentimento faz-se do seguinte modo: Quando Deus realiza a sua obra, basta que a pessoa diga: “estou contente, Senhor, fazei de mim o que quiserdes, que estou decidida a nunca mais pecar e a deixar, por vosso amor, qualquer coisa do mundo”.Este consentimento e movimento da vontade dão-se sempre que a vontade da pessoa se une à de Deus sem que ela dê conta, tanto mais que tudo isso se passa em silêncio. A pessoa não vê o consentimento, mas experimenta uma sensação interior que a leva a dar-lhe continuidade. Nesta operação, sente-se tão fervorosa que fica espantada e estupefacta, sem ousar escapar.Por esta união espiritual, a pessoa liga-se a Deus com um laço quase indissolúvel, porque Deus faz quase tudo, Deus rege-a e leva-a àquela perfeição à qual Ele a tem destinada.

29 setembro, 2005

EVANGELHO: Quinta-feira, dia 29 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Miguel, arcanjo, São Gabriel, arcanjo, São Rafael, arcanjo


Livro de Daniel 7,9-10.13-14.
«Continuava eu a olhar, até que foram preparados uns tronos, e um Ancião sentou-se. Branco como a neve era o seu vestuário, e os cabelos da cabeça eram como de lã pura; o trono era feito de chamas, com rodas de fogo flamejante. Corria um rio de fogo que jorrava da parte da frente dele. Mil milhares o serviam, dez mil miríades lhe assistiam. O tribunal reuniu-se em sessão e foram abertos os livros. Contemplando sempre a visão nocturna, vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem. Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram. Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais, e o seu reino nunca será destruído.»
Livro de Salmos 138,1-5.
Dou-te graças, SENHOR, de todo o coração, na presença dos poderosos te hei-de louvar. Inclino-me voltado para o teu santo templo e louvarei o teu nome, pela tua bondade e pela tua fidelidade, porque foste mais além das tuas promessas. Quando te invoquei, atendeste-me e aumentaste as forças da minha alma. Todos os reis da terra te louvarão, SENHOR, ao ouvirem as palavras da tua boca. Celebrarão os caminhos do SENHOR, pois grande é a sua glória.
Evangelho segundo S. João 1,47-51.
Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: 'Vi-te debaixo da figueira'? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Gregório Magno (cerca de 540 – 604) papa e doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho

“Bendizei o Senhor, vós seus anjos, que servis a sua palavra” (Sl 102,20)Que há anjos, muitas páginas da Sagrada Escritura o atestam… Mas é preciso saber que a palavra “anjo” designa a sua função: ser mensageiro. E chamamos “arcanjos” aos que anunciam os grandes acontecimentos. Foi assim que o arcanjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria; para este ministério, para anunciar o maior de todos os acontecimentos, impunha-se enviar um anjo da mais alta estirpe…De igual forma, quando se tratou de manifestar um poder extraordinário, foi Miguel que foi enviado. Na verdade, a sua acção, tal como o seu nome que quer dizer “Quem como Deus?”, fazem compreender aos homens que ninguém pode realizar o que compete apenas a Deus. O antigo inimigo, que desejou por orgulho fazer-se semelhante a Deus, dizia: “Eu escalarei os céus; erigirei o meu trono acima das estrelas; serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14,13). Mas o Apocalipse diz-nos que, no fim dos tempos, quando for abandonado à sua própria força, antes de ser eliminado pelo suplício final, ele terá de combater contra o arcanjo Miguel: “Houve um combate nos céus: Miguel e os seus anjos combateram contra o Dragão. E também o Dragão combatia com os seus anjos; mas não venceu e foi precipitado no abismo” (Ap 12,7).À Virgem Maria, foi então Gabriel, cujo nome significa “Força de Deus”, que foi enviado; não é verdade que ele vinha anunciar aquele que quis manifestar-se numa condição humilde, para triunfar do orgulho do demónio? Foi, pois, pela “Força de Deus” que foi anunciado aquele que vinha como “o Senhor dos exércitos, poderoso nos combates” (Sl 23,8). Quanto ao arcanjo Rafael, o seu nome significa “Deus cura”. Na verdade, foi ele que livrou das trevas os olhos de Tobias, tocando-os como toca um médico vindo do céu (Tb 11,17). Aquele que foi enviado para cuidar o justo na sua enfermidade merece bem ser chamado “Deus cura”.

28 setembro, 2005

E-Mail aos Ars Dei...


Agradecimentos à nossa irmã em Cristo Jesus, Simone Krause, que mandou o E-Mail...

"Ao Ministério de música Ars Dei, a paz de Jesus e o amor de Maria!"

HOJE É TEMPO DE SER FELIZ! por Pe. fabio de melo, scj.
"A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.
Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes. Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que 'debaixo do céu há um tempo para cada coisa!'
Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.
Felcidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!Infelicidade, talvez seja o contrário.
O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!
Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra.
Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.
Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...
Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.
Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...
Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...
Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...
Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...
Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.
Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.
Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.
Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.
Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...
A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."
VAI EM FRENTE. SORRISO NO ROSTO E FIMEZA NAS DECISÕES. Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?)"

EVANGELHO: Quarta-feira, dia 28 de Setembro de 2005


Hoje a Igreja celebra : S. Venceslau, rei da Boémia, mártir, +935, S. Lourenço Ruiz e companheiros, mártires, ++1633-37


Livro de Neemias 2,1-8.
No mês de Nisan, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, como o vinho estivesse diante do rei, tomei-o e ofereci-lho. Ora, jamais eu estivera triste na sua presença. O rei disse-me: «Porque tens o semblante tão sombrio? Não estás doente. Portanto, isso só pode ser tristeza do coração.» Eu fiquei muito conturbado, e respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não hei-de estar triste quando a cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais está em ruínas, e as suas portas consumidas pelo fogo?» E o rei disse-me: «Que queres?» Então, fiz uma oração ao Deus do céu e disse ao rei: «Se aprouver ao rei, e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir ao país de Judá, à cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais, a fim de a reconstruir.» O rei, junto de quem a rainha se sentara, perguntou-me: «Quanto tempo durará essa viagem? Quando será o regresso?» Aprouve ao rei deixar-me partir, e eu indiquei-lhe a data do regresso. Prossegui: «Se o rei achar bem, dêem-me cartas para os governadores da outra margem do rio, de modo que me deixem passar para Judá; e também outra carta para Asaf, o intendente da floresta real, a fim de que me forneça madeira para construir as portas da cidadela do templo, para as muralhas da cidade e para a casa que eu habitar.» O rei concordou com o meu pedido porque me favorecia a bondosa mão de Deus.
Livro de Salmos 137,1-6.
Junto aos rios da Babilónia nos sentámos a chorar, recordando-nos de Sião. Nos salgueiros das suas margens pendurámos as nossas harpas. Os que nos levaram para ali cativos pediam-nos um cântico; e os nossos opressores, uma canção de alegria: «Cantai-nos um cântico de Sião.» Como poderíamos nós cantar um cântico do SENHOR, estando numa terra estranha? Se me esquecer de ti, Jerusalém, fique ressequida a minha mão direita! Pegue-se-me a língua ao paladar, se eu não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a minha suprema alegria!
Evangelho segundo S. Lucas 9,57-62.
Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.» Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), papa Diário da alma, Junho de 1957 [antes da sua eleição para o papado]

Seguir-te-ei por toda a parte aonde fores«Ao anoitecer, dá-nos a luz.» Senhor, estamos no anoitecer. Eu estou nosetuagésimo sétimo ano desta vida que é um grande dom do Pai celeste. Trêsquartos dos meus contemporâneos passaram para a outra margem. Tenho pois deestar, também eu, preparado para para o grande momento. A ideia da morte nãome dá grande inquietação... A minha saúde é excelente e ainda robusta, masnão posso fiar-me nisso; quero estar pronto a dizer « presente», a qualquerchamada, mesmo imprevista. A velhice - que é também um grande dom doSenhor - deve ser para mim motivo de silenciosa alegria interior e deabandono diário ao próprio Senhor, para quem estou voltado como uma criançapara os braços que o pai lhe abre.A minha humilde e já longa vida desenrolou-se como uma meada, sob o signo dasimplicidade e da pureza. Não me custa nada reconhecer e repetir que não sounem valho mais do que nada. O Senhor fez-me nascer de gente pobre e pensouem tudo. Eu deixei-o fazer... É bem verdade que «a vontade de Deus é a minhapaz». E a minha esperança está toda na misericórdia de Jesus...Penso que o Senhor Jesus me reserva, para minha completa mortificação epurificação, para me admitir na Sua alegria eterna, alguma grande pena ouaflição do corpo e do espírito antes que eu morra. Pois bem, eu aceito tudoe de boa vontade, desde que tudo sirva para Sua glória e para bem da minhaalma e dos meus queridos filhos espirituais. Receio a fraqueza da minharesistência e peço-Lhe que me ajude, pois tenho pouca ou nenhuma confiançaem mim, mas tenho uma confiança total no Senhor Jesus.Há duas portas para o Paraíso: a inocência e a penitência. Quem poderápretender, pobre homem frágil, achar aberta a primeira? Mas a segunda estácontudo segura. Jesus passou por essa com a Sua cruz ao ombro, em expiaçãodos nossos pecados, e convida-nos a segui-lo.

27 setembro, 2005

DAS VIRTUDES QUE AFUGENTAM OS VÍCIOS (Escritos de São Francisco)







Aonde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância.
Onde há paciência e humildade, não há ira nem perturbação.
Onde à pobreza se une a alegria, não há cobiça nem avareza.
Onde há paz e meditação, não há nervosismo nem dissipação.
Onde o temor de Deus está guardando a casa (cf. Lc 11,21), o inimigo não encontra
porta para entrar.
Onde há misericórdia e prudência, não há prodigalidade nem dureza de coração.


“O Verbo incomensurável do Pai se fez limitado quando se encarnou em ti, ó Mãe de Deus e restituiu à imagem maculada a sua antiga formosura, restaurando-lhe a beleza divina. Por isso confessamos a salvação e a anunciamos em palavra e ação. Torna-me digno de ser colocado à tua direita!”

A arte de Deus e a arte para Deus. - reflexão




Nosso amado e bom Deus nos deu toda a criação e fez dela morada de suas prediletas criaturas, os homens.
Essa magnífica obra de arte, que nem o mais sábio dos homens foi capaz de compreendê-la por completo, é uma das mais belas provas do amor de Deus. Observem a natureza, as plantas, desde as mais miudinhas às grandes figueiras, olhem os pássaros com tantas raças, cores e cantos diferentes, observem também as montanhas, os mares, os rios, e o infinito céu.
Como dizer que isso tudo foi obra do acaso? Seria como se eu pegasse um copo de vidro, quebrasse em minúsculos pedacinhos e jogasse tudo para cima e, após tudo isso, os pedacinhos caíssem ordenadamente de forma a juntarem-se de novo num copo.
Não, meus irmãozinhos, Deus em sua infinita sabedoria deu início a toda essa criação e hoje continua, através dela, a manifestar o seu amor e providência por nós. Se até os lírios dos campos Ele veste, que dirá a nós, seus prediletos? A obra de arte de Deus nos revela o próprio Deus.
Vejamos agora a arte para Deus. A cada dia nos encontramos envolvidos pela criação, inseridos nela, sendo criação com ela (aqui me refiro a toda a natureza criada por Deus). Como é a arte para Deus? A arte para Deus é essa criação que eu transformo para melhor ainda aproximar-se do eterno – Deus -. É a tentativa, sempre falha, de ilustrar o céu, o paraíso, a própria presença de Deus em nós. Mas se é sempre falha, para que pintar os ícones e tantas outras pinturas, para que tecer tapetes e terços, para que desenhar, construir, compor e cantar?
Porque através dessa arte que é imperfeita, diferente da de Deus, que eu manifesto o meu miserável amor por Ele. Maria ao ouvir a saudação de sua prima Isabel cantou o Magnífcat e assim expressou, com palavras limitadas, o ilimitado amor de Deus agindo nela. É como se fosse uma contradição. Fazemos arte sabendo que nunca iremos manifestar realmente o que se passa no céu ou até nos nossos próprios corações.
Mas o ato de fazer arte, o ato de compor uma música e cantá-la, o ato de tecer um terço ou pintar um ícone ou quadro, oferecendo a Deus esse serviço, fazendo dele meio de conversão e santificação e principalmente de evangelização, aí se encontra o verdadeiro significado da arte para Deus (no nosso caso, a arte sacra cristã). Aí se encontra a espiritualidade da Arte para Deus, não nela propriamente dita, mas no ato de dedicá-la a Deus, no momento em que coloco meus dons ao serviço do Reino.

Sem. Filipe

EVANGELHO: Terça-feira, dia 27 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Vicente de Paulo, presbítero, fundador, +1660


Livro de Zacarias 8,20-23.
Assim fala o Senhor do universo: «Virão povos e habitantes de grandes cidades. E os habitantes de uma cidade irão para outra, dizendo: ‘Vamos implorar a face do Senhor! – Eu também irei procurar o Senhor do universo!’ E numerosos povos e nações poderosas virão procurar o Senhor do universo em Jerusalém e implorar a face do Senhor.» Assim fala o Senhor do universo: «Naqueles dias, dez homens de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela dobra do seu manto e dirão: ‘Nós queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco’.»
Livro de Salmos 87,1-7.
Fundada por Ele sobre o monte santo, SENHOR ama a cidade de Sião mais que todas as moradas de Jacob. Gloriosas coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus. Incluirei Raab e Babilónia na lista dos que me conhecem; a Filisteia, Tiro e a Etiópia, uns e outros ali nasceram. Mas de Sião há-de dizer-se: «Todos lá nasceram; o próprio Altíssimo a fortaleceu.» SENHOR escreverá no registo dos povos, anotando: «Este nasceu em Sião.» eles dirão, cantando e dançando: «A minha única fonte está em ti.»
Evangelho segundo S. Lucas 9,51-56.
Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?» Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação.
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Fénelon (1651-1715), arcebispo de Cambrai Discurso pronunciado na sagração do Eleitor de Colónia

Não pela violência, mas sim pela persuasãoNenhum poder humano pode forçar a supressão impenetrável da liberdade de umcoração.Para Jesus Cristo, o Seu reino está no interior do homem, porque ele quer oamor. Como tal «nada fez através da violência, mas tudo pela persuasão»,como diz Santo Agostinho. O amor não entra de modo nenhum no coração porcoacção: cada um ama apenas quanto lhe apraz amar. É mais fácil repreenderdo que persuadir; é mais rápido ameaçar do que instruir. È mais cómodo àimpaciência e à altivez humana bater naqueles que resistem do queedificá-los, do que humilhar-se, rezar, morrer por si, para os ensinar amorrer por si próprios. Logo que se acha alguma falta nos corações, todossão tentados a dizer a Jesus Cristo: «Quereis que digamos ao fogo que desçado céu para consumir estes pecadores indóceis?» Mas Jesus Cristo... reprimeeste zelo indiscreto.... Toda a indignação, toda a impaciência, toda a altivez contrária a estadoçura do Deus de paciência e de consolação é um rigor de fariseu. Nãotemais cair em relaxamento ao imitardes o próprio Deus, nO qual «Amisericórdia se ergue acima do julgamento» (Ti 3,13).

26 setembro, 2005

EVANGELHO: Segunda-feira, dia 26 de Setembro de 2005.



Hoje a Igreja celebra : S. Cosme e S. Damião, médicos, mártires, +303


Livro de Zacarias 8,1-8.
A palavra do Senhor do universo foi-me dirigida de novo nestes termos: «Assim fala o Senhor do universo: ‘Sinto por Sião um amor ardente, que me provoca ciúme e grande cólera.’» Assim fala o Senhor do universo: «Volto a Sião e vou habitar no meio de Jerusalém. Jerusalém será chamada ‘Cidade Fiel’, e a montanha do Senhor do universo, ‘Montanha Santa’.» Assim fala o Senhor do universo: «Velhos e velhas sentar-se-ão ainda nas praças de Jerusalém; cada um terá na mão o seu bastão, por causa da sua muita idade. As praças da cidade ficarão cheias de meninos e meninas que brincarão nelas.» Assim fala o Senhor do universo: «Se isto parece um milagre aos olhos do resto deste povo, acaso será impossível aos meus olhos, naqueles dias?» –oráculo do Senhor do universo. Assim fala o Senhor do universo: «Eis que Eu salvo o meu povo dos países do Oriente e dos países do Ocidente. Eu os levarei a habitarem em Jerusalém. Eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus em fidelidade e em justiça.»
Livro de Salmos 102,16-21.29.22-23.
Os povos honrarão, SENHOR, o teu nome, e todos os reis da terra, a tua majestade. Quando o SENHOR reconstruir Sião e manifestar a sua glória, há-de voltar-se para a oração do indigente e não desprezará as suas súplicas. Escrevam-se estas coisas para as gerações futuras, e os que hão-de nascer louvarão o SENHOR. SENHOR observa do alto do seu santuário; lá do céu, Ele olha para a terra, para escutar os gemidos dos cativos e livrar os condenados à morte. Os filhos dos teus servos hão-de viver tranquilos e a sua descendência perdurará na tua presença. Em Sião será anunciado o nome do SENHOR, e em Jerusalém, a sua glória, quando os povos de todas as nações se reunirem para servirem o SENHOR.
Evangelho segundo S. Lucas 9,46-50.
Veio-lhes então ao pensamento qual deles seria o maior. Conhecendo Jesus os seus pensamentos, tomou um menino, colocou-o junto de si e disse-lhes: «Quem acolher este menino em meu nome, é a mim que acolhe, e quem me acolher a mim, acolhe aquele que me enviou; pois quem for o mais pequeno entre vós, esse é que é grande.» João tomou a palavra e disse: «Mestre, vimos alguém expulsar demónios em teu nome e impedimo-lo, porque ele não te segue juntamente connosco.» Jesus disse-lhe: «Não o impeçais, pois quem não é contra vós é por vós.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Lacordaire (1802-1861), dominicano


“Quem não é contra vós é por vós”Quem ama Deus é membro vivo da Igreja, onde quer que ele esteja e seja qual for a época em que viva... A Igreja não é pois somente o que ela nos parece. Ela não existe apenas nesta construção visível onde tudo é história, autenticidade, hierarquia, virtudes e milagres estrondosos; ela existe também no lusco-fusco, na penumbra, no que não tem forma nem memória, santidades perdidas para a visão dos homens, mas não para a dos anjos...Onde quer que esteja o amor de Deus, aí está Jesus Cristo; onde quer que Jesus Cristo esteja, a Igreja está com ele; e se é verdade que todo o cristão se deve unir ao corpo da Igreja desde que toma conhecimento da sua existência, é certo que a ignorância invencível o subtrai a esta lei, para o deixar sob o comando directo de Jesus Cristo, primeiro e soberano chefe de toda a cristandade.A Igreja tem pois uma vastidão que nenhum olhar humano conseguirá abarcar, eos que objectam com as fronteiras que ela parece ter a seus olhos não fazemideia da dupla radiação que está na sua natureza, e que lhe suscita almas aoriente e a ocidente do mundo, sob o ocaso ou sob o sol nascente.

EVANGELHO: Domingo, dia 25 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : XXVI Domingo Comum (semana II do saltério), S. Firmino, bispo, mártir, séc. III


Livro de Ezequiel 18,25-28.
Porém, vós dizeis: 'O modo de proceder do Senhor não é justo.' Escutai, pois, casa de Israel: Então é o meu modo de agir que não é justo? Ou é o vosso que o não é ? Se o justo se afasta da sua justiça para praticar o mal e morre por causa disto, é por causa do mal que praticou que ele morrerá. Se o pecador se afasta do pecado que cometeu para praticar o direito e a justiça, ele merece viver. Se ele se afasta dos pecados que cometeu, viverá certamente, não morrerá.

Livro de Salmos 25,4-9.
Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos e ensina-me as tuas veredas. Dirige-me na tua verdade e ensina-me, porque Tu és o Deus meu salvador. Em ti confio sempre. Lembra-te, SENHOR, da tua compaixão e do teu amor, pois eles existem desde sempre. Não recordes os meus pecados de juventude e os meus delitos. Lembra-te de mim, SENHOR, pelo teu amor e pela tua bondade. SENHOR é bom e justo; por isso ensina o caminho aos pecadores, guia os humildes na justiça e dá-lhes a conhecer o seu caminho.
Carta aos Filipenses 2,1-11.
Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afectuoso, ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afecto e compaixão, então fazei com que seja completa a minha alegria: procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento; nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome, para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra; e toda a língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!”, para glória de Deus Pai.
Evangelho segundo S. Mateus 21,28-32.
«Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Filho, vai hoje trabalhar na vinha.’ Mas ele respondeu: 'Não quero.’ Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi. Dirigindo-se ao segundo, falou-lhe do mesmo modo e ele respondeu: 'Vou sim, senhor.’ Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Responderam eles: «O primeiro.» Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os cobradores de impostos e as meretrizes vão preceder vos no Reino de Deus. João veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os cobradores de impostos e as meretrizes acreditaram nele. E vós, nem depois de verdes isto, vos arrependestes para acreditar nele.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Isaac de l´Étoile (? - cerca de 1171), monge de Cister Sermão de Quaresma


“Sair do pecado e entrar no Reino de Deus”Irmãos, é o momento de sair, cada um de nós, da escravidão do pecado. Deixemos a nossa Babilónia para encontrar Deus nosso Salvador, como nos adverte o profeta: “prepara-te para o encontro com o teu Deus, ó Israel!” (Am 4,12). Deixemos o abismo do nosso pecado e aceitemos partir ao encontro do Senhor que assumiu “uma carne idêntica à do pecado” (Rm 8,3). Deixemos voluntariamente o pecado e façamos penitência. Então, encontraremos Cristo: ele próprio expiou o pecado que não tinha cometido. Então, aquele que salva os penitentes nos concederá a salvação: “Ele foi misericordioso para com os que se converteram”.Dir-me-ás: ”Quem por si próprio pode sair do pecado?”. Sim, na verdade o maior pecado é o amor ao pecado, o desejo de pecar. Sai pois deste desejo... Detesta o pecado e ver-te-ás fora do pecado. Se tu detesta o pecado, tu encontraste Cristo onde ele se encontra. A quem detesta o pecado... Cristo perdoa a falta esperando cortar pela raiz os nossos maus hábitos.Mas vós dizeis que mesmo isso é muito para vós e que sem a graça de Deus éimpossível ao homem detestar o seu pecado e desejar a justiça: “louvai oSenhor pelas suas misericórdias, pelas suas maravilhas a favor dos homens!”(Sl 106,8)...Senhor de mão poderosa, Jesus todo-poderoso, vem libertar a minha razãocativa do demónio da ignorância e arrancar a minha vontade doente da pesteda sua cobiça.Liberta as minhas capacidades a fim de que eu possa agir com força, comodesejo de todo o coração.

24 setembro, 2005

EVANGELHO: Sabado, dia 24 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Nossa Senhora das Mercês, S. Vicente Maria Strambi, bispo, +1824


Livro de Zacarias 2,5-9.14-15.
Então levantei os olhos e tive uma visão: Era um homem que tinha na mão um cordel de medir. Eu disse-lhe: «Para onde vais?» Ele respondeu-me: «Vou medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e qual é o seu comprimento.» Então o anjo que falava comigo mantinha-se imóvel, quando veio ao seu encontro outro anjo que lhe disse: «Corre, fala àquele jovem e diz-lhe: ‘Jerusalém ficará sem muros, por causa da multidão de homens e de animais que haverá no meio dela. Mas eu serei para ela – oráculo do Senhor – como um muro de fogo à sua volta e serei no meio dela a sua glória.’» Rejubila e alegra-te, filha de Sião, porque eis que Eu venho para morar no meio de ti – oráculo do Senhor. Naqueles dias, muitas nações se unirão ao Senhor e serão meu povo; habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor do universo me enviou a ti.
Jer. 31,10-13.
Povos, escutai a palavra do Senhor! Levai a notícia às ilhas longínquas e dizei: ‘Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como o pastor ao seu rebanho.’ Porque o Senhor resgatou Jacob e libertou-o das mãos de um mais forte. Regressarão jubilosos às alturas de Sião, e afluirão aos bens do Senhor: Ao trigo, ao vinho e ao azeite, às crias de ovelhas e de vacas. A sua alma será como um jardim bem regado, e não voltarão a desfalecer. Então, a jovem alegrar-se-á, bailando; jovens e velhos partilharão do seu júbilo. Converterei o seu pranto em exultação, hei-de consolá-los, e aliviá-los das suas penas.
Evangelho segundo S. Lucas 9,43-45.
E todos estavam maravilhados com a grandeza de Deus. Estando todos admirados com tudo o que Ele fazia, Jesus disse aos seus discípulos : «Prestai bem atenção ao que vou dizer-vos: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.» Eles, porém, não entendiam aquela linguagem, porque lhes estava velada, de modo que não compreendiam e tinham receio de o interrogar a esse respeito.
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja

O nosso título de glória: o Filho do Homem entregue nas mãos dos homens

”Quanto a mim, diz S. Paulo, em nada me glorifico senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Ga 6,14) Vê, nota Santo Agostinho, ali onde o sábio deste mundo julgou encontrar a vergonha, o apóstolo Paulo encontra um tesouro; o que a qualquer outro apareceu como uma loucura, para ele é sabedoria (1 Co 1,17 sg) e título de glória.Com efeito, cada um encontra glória naquilo que, a seus olhos, o engrandece. Se se julga um grande homem porque é rico, glorifica-se nos seus bens. Quem só vê a sua grandeza em Cristo é só em Jesus que encontra a sua glória; era assim o apóstolo Paulo: “Se vivo, não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim”, dizia ele (Ga 2,20). Por isso, apenas se glorifica em Cristo e, acima de tudo, na cruz de Cristo. Porque nela estão reunidos todos os motivos para se glorificar.Há pessoas que consideram uma glória a amizade dos grandes e dos poderosos; Paulo só precisa da cruz de Cristo, para nela descobrir o sinal mais evidente da amizade de Deus. “A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, enquanto éramos pecadores” (Ro 5,8). Não, nada manifesta mais o amor de Deus por nós do que a morte de Cristo. “Oh, testemunho inestimável de amor!, exclama S. Gregório. Para resgatar o escravo, tu entregaste o Filho.” QUOTIDIANO Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68

23 setembro, 2005

Capítulo LXXIII - Regra de S. Bento


"Aquele que aspira à vida perfeita, esse tem os ensinamentos dos santos Padres, cuja observância conduz o homem aos cumes da perfeição. Com efeito, que página ou palavra da autoridade divina, tanto do Antigo como do Novo Testamento, que não seja retíssima norma de vida humana? Ou que livro dos santos Padres católicos, que não nos pregue bem alto o reto caminho para chegarmos ao nosso Criador? E as "Colações" * dos Padres, as suas "Instituições" * e "Vidas" **, bem como a Regra do nosso Pai S. Basílio, que outra coisa são senão documentos autênticos das virtudes de monges de vida santa e obedientes? Para nós, remissos e de mau viver e negligentes, são de nos fazer corar de confusão.
Quem quer que sejas, portanto, que te dás pressa por chegar à pátria celeste, põe em prática, com a ajuda de Cristo, este esboçozinho de Regra que escrevemos para principiantes. E então chegarás finalmente, com a proteção de Deus, a essas sublimes alturas de doutrina e de virtudes, a que acima nos referimos. Amém" (fim da Regra)

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 23 de Setembro de 2005



Hoje a Igreja celebra : São Pio de Petrelcina (Padre Pio), presbítero, +1968


Livro de Ageu 1,15.2,1-9.
Era o vigésimo quarto dia do sexto mês. No segundo ano do rei Dario, no vigésimo primeiro dia do sétimo mês, a palavra do Senhor fez-se ouvir por meio do profeta Ageu, nestes termos: «Fala ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, ao Sumo Sacerdote Josué, filho de Joçadac, e ao resto do povo: Quem é que resta entre vós que tenha visto este templo na sua glória passada? E como o vedes agora? Não vos parece que não é nada? Mas agora coragem, Zorobabel! Coragem, Josué, Sumo Sacerdote, filho de Joçadac! Coragem, povo todo do país! Mãos à obra! Pois Eu estou convosco – oráculo do Senhor do universo. Segundo a aliança que fiz convosco quando saístes do Egipto, o meu espírito permanece no meio de vós. Não temais. Porque assim fala o Senhor do universo: Ainda um pouco de tempo e Eu abalarei o céu e a terra, os mares e os continentes. Sacudirei todas as nações para que afluam os tesouros de todas as nações e encherei de glória este templo – diz o Senhor do universo. A prata e o ouro me pertencem –diz o Senhor do universo. O esplendor futuro deste templo será maior que o primeiro – oráculo do Senhor do universo, e neste lugar Eu darei a paz» –diz o Senhor do universo.
Livro de Salmos 43,1-4.
Faz-me justiça, ó Deus, e defende a minha causa contra a gente sem piedade! Livra-me do homem mentiroso e perverso. Tu, ó Deus, és o meu refúgio. Porque me rejeitaste? Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo? Envia a tua luz e a tua verdade, para que elas me guiem e conduzam à tua montanha santa, à tua morada. Eu irei ao altar de Deus, ao Deus que é a alegria da minha vida. Ao som da harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus.
Evangelho segundo S. Lucas 9,18-22.
Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.» Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.» Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI] Der Gott Jesu Christi

«É preciso que o Filho do homem sofra…, seja rejeitado… e morto, e que ressuscite»Ser homem significa : ser para a morte ; ser homem significa : ter de morrer… Viver, neste mundo, quer dizer morrer. « Fez-se homem » (Credo) ; isso significa que também Cristo foi para a morte. A contradição que é própria da morte do homem atinge em Cristo a sua acuidade extrema porque, nele, que está em comunhão total com o Pai, o isolamento absoluto da morte é um puro absurdo. Por outro lado, nele, a morte tem também a sua necessidade ; na verdade, o facto de estar com o Pai está na raiz de incompreensão que os homens lhe testemunham, na raiz da sua solidão no meio das multidões. A sua condenação é o acto último da não-compreensão, da expulsão deste Incompreendido para uma zona de silêncio.De igual forma, pode-se entrever alguma coisa da dimensão interior da sua morte. No homem, morrer é sempre ao mesmo tempo um acontecimento biológico e espiritual. Em Jesus, a destruição dos suportes corporais da comunicação quebra o seu diálogo com o Pai. Portanto, o que se rompe na morte de Jesus Cristo é mais importante do que em qualquer morte humana ; nela é destruido o diálogo que é o verdadeiro eixo do mundo inteiro.Mas, tal como este diálogo o tinha tornado solitário e estava na raiz da monstruosidade desta morte, assim em Cristo a ressurreição está já fundamentalmente presente. Por ela, a nossa condição humana insere-se na partilha trinitária do amor eterno. Ela jamais pode desaparecer ; para lá do limiar da morte, ela ergue-se de novo e recria a sua plenitude. Só a Ressurreição revela, pois, o carácter único, decisivo deste artigo da nossa fé : « Ele fez-se homem »… Cristo é plenamente humano ; sê-lo-á para sempre. A condição humana entrou por ele no próprio ser de Deus ; é esse o fruto da sua morte.

22 setembro, 2005

Sobre a arte


Arte Sacra

Chamamos de Arte Sacra as mais belas expressões humanas, que com piedade e devoção retratam a majestade divina. Essa manifestação existe desde o início da história da humanidade e é da vontade de Deus que seja assim.
"Dotou-os (Deus) de talento para executar toda sorte de obras de escultura e de arte, de bordados em estofo de púrpura violeta e escarlate, de carmesim e de linho fino, e para a execução assim como o projeto de toda espécie de trabalhos". (Ex 35, 35)
Arte Sacra

“Rendei-lhe a glória devida ao seu nome. Adorai o Senhor com ornamentos sagrados”.
(Sl 28,2)

Poderíamos definir a Arte Sacra como a expressão dos sentimentos religiosos através das obras humanas. A arte na religião tem uma função de representação que leva à identificação com a realidade divina. Podemos também ver na arte religiosa a função de proteção que se atribui a essas representações e sua função didática, ou seja, ensinam-se as verdades religiosas através de suas representações.
Desde a arte primitiva podemos encontrar esse tipo de manifestações no conjunto de peças de cerâmica, barro, pinturas e outros materiais para o favorecimento da caça e fertilidade. Assim, podemos encontrar em todas as religiões a tradição do culto a uma imagem considerada sagrada, à qual atribui-se geralmente uma origem divina ou mítica.
Tanto o islamismo como o judaísmo e o cristianismo proíbem a idolatria. Por isso, os tipos de arte encontradas nessas religiões, principalmente no islamismo, são mais arquitetônicas, decorativas e geométricas. Já no cristianismo, ao contrário, encontramos todas as formas de representação artística, como a música, arquitetura, escultura e pintura. No cristianismo, admite-se a reprodução de representação de personagens nos ícones ou imagens. Devido a isso, encontram-se diversas obras de arte valiosíssimas dentro dos locais de oração, como, por exemplo, na Capela Sistina.
Nos primeiros séculos do cristianismo, já se desenvolveram diversas representações de Cristo e dos apóstolos. Temos testemunhos delas nas catacumbas romanas e nas antigas igrejas no Oriente Médio. Nessa época já se pintava principalmente Jesus Cristo e sua mãe, a Virgem Maria.
Na Idade Média, a Igreja Romana incumbiu aos artistas a decoração interna das igrejas. Muitos deles se destacaram na produção de obras de cunho religioso a fim de perpetuar idéias e sentimentos das crenças, de moldá-las em formas plásticas.
A música, por sua vez, foi desenvolvida num período posterior ao da pintura, por volta do século VII. Recebeu suas codificações e linhas gerais pelo papa São Gregório Magno, daí o nome “canto gregoriano”. O canto gregoriano é cantado em diversas vozes mas sempre em regime “monofônico”, ou seja, todos cantam sempre as mesmas notas sem alteração contrapontística. Após o Concílio de Trento, no século XI, foi introduzido o canto polifônico na Igreja. Esse, por sua vez, representa a interpolação de diversas vozes, ou conjunto de vozes, caracterizando os tipos vocais, como barítonos, os tenores, os baixos, os contraltos e os sopranos, formando assim um todo harmonioso e belo.
Com isso vemos a grande contribuição que a religião deu ao desenvolvimento da arte e da cultura, e vice-versa.
Texto elaborado por Ivan Rojasemail:ivan@religiaocatolica.com.brColaboração: Marisa Arruda Barbosaemail:marisa@religiaocatolica.com.br

Para o nosso conhecimento



O Canto Litúrgico Bizantino

A cidade de Bizâncio, que se tornara Constantinopla desde que Constantino a fizera capital do Império (330), é um verdadeiro conservatório da cultura helênica e dos novos costumes cristãos, de onde renascerá o Ocidente cristão culturalmente esmagado pelos bárbaros.
Capital do Império do Oriente (ou Império bizantino) até sua conquista pelos turcos em 1453, principal centro religioso e político da cristandade até o advento dos carolíngios (a Igreja romana se separa então do Império e se coloca sob a proteção dos francos), Constantinopla permanecerá por muito tempo o foco irradiante do helenismo cristão, a pedra angular entre o Oriente e o Ocidente, o cadinho em que se fundem as culturas.
A verdadeira eclosão da música bizantina deve situar-se depois de 398, quando São João Crisóstomo, que se tornou patriarca de Constantinopla, encarrega o mestre da música imperial de compor novos hinos, adaptados à liturgia de que é promotor, juntamente com Basílio, o Grande.
O canto bizantino, essencialmente monódico, pratica uma heterofonia simplíssima, cujas formas mais características são os floreios vocalizados sobre um tema em valores longos e nas grandes sustentações do som fundamental, qualificadas de ison (“igual”), cujo equivalente encontramos na música da Índia e, provavelmente, também na da Grécia.
A liturgia musical bizantina sobreviveu ao Império; ela é, hoje, a da Igreja grega (gregos, servos, albaneses, búlgaros, romenos) e da Igreja russa (que adotou no fim do século X a liturgia musical búlgara, distinguindo-se mais tarde por um estilo especificamente russo, que evolui de forma diferente). Outros ritos do Oriente conservaram em sua música litúrgica o testemunho de seus vínculos bizantinos, mas evoluíram sob a influência da música árabe e das tradições autóctones: são os ritos maronita, sírio, armênio e copta.
O Canto Bizantino influenciou fortemente o Canto Gregoriano.

texto extraído do site www.ecclesia.com.br

Para ouvir um exemplo da música bizantina tecle:http://www.ecclesia.com.br/musica/thomas_kagermann_kristos_anesti.mp3

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rogai por nós!

Nossas fraquezas - reflexão


Amados irmãos, paz de Jesus Cristo!
Venho com alegre disposição e muita esperança na misericórdia de Deus propor-vos mais uma meditação, o assunto que quero que pensem é o seguinte: Fraqueza
Sim, vamos meditar sobre nossas fraquezas. Quero que pensem naquilo que é mais difícil, naquilo que é mais doloroso de enfrentar na vida de fé. Deus nos criou em espírito e em matéria (carne) e não podemos negar nenhuma dessas dimensões. Possuímos uma psique e todo um desenvolvimento pessoal na personalidade e no físico e tudo isso nos influencia diariamente. Só conseguimos nos aproximar de Deus quando, sem mais resistir, aceitamos todas as dimensões de nosso ser e dialogamos com cada uma delas.
Dialogar, essa é a palavra mais correta para definir a atitude que devemos ter com nossas fraquezas e limitações. Precisamos tentar dialogar com nossa raiva, com nossa tristeza, com nosso desejo, com os sentimentos que possuímos e que são humanos e necessários e descobrir o que Deus me diz em cada um deles. Somente quando não nego meus sentimentos e, ao contrário, converso francamente com eles, posso então entender o que Deus quer me dizer com isso ou aquilo. É extremamente necessário reconhecer quem sou, quais as minhas limitações e quais os meus dons para então conhecer a Deus. São Paulo diz: “Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor” (I Cor. 2, 3). O apóstolo reconhece sua fraqueza e mesmo assim não deixa de evangelizar. Assim nós também devemos agir perante nossas fraquezas. Elas não devem impedir que eu realize o plano que Deus tem para mim, mas devem fazer com que eu me conheça melhor e possa, então, definir com mais clareza os passos que devo dar para superá-las com o discernimento correto.
Deus fala nos nossos sentimentos e nas nossas fraquezas e nos diz o que precisamos e qual a Sua vontade. Quando sinto muita raiva, por exemplo, nisso Deus pode estar querendo que eu olhe para aquilo que mais irrita em mim mesmo, pode estar querendo mostrar-me que sou limitado e que não tenho que ser perfeito e eternamente paciente e pode também me mostrar aquilo que, naquele momento de minha vida, é prioridade trabalhar em mim. Não se pode generalizar, é preciso analisar cada situação. O medo, outro exemplo, mostra-me na verdade aquilo que ainda não consegui entregar nas mãos de Deus, ou aquilo que ainda não aceitei em mim, a tristeza pode ser um bom sinal para mim descobrir o quanto sou frágil e dependo de Deus, e assim por diante. O importante é sempre dialogar, conversar com as minhas fraquezas e tentar descobrir o que Deus quer me falar com elas. Ele nos fez assim e assim nos fala e edifica.
As nossas fraquezas são na verdade uma ponte para o amor de Deus. Nelas podemos encontrar a maior prova de que Deus nos ama e nos quer no seu caminho. Por incrível que pareça a pequena história da ovelhinha com a patinha amarrada faz sentido, aquela que o pastor amarra a pata de sua ovelha para que ela não fuja e carrega-a no colo para que ela aprenda a andar com ele, assim como a pequena história da mãe que, para livrar o filho do crocodilo que tenta engoli-lo, deixa marcas das unhas nos braços dele. Deus muitas vezes nos deixa marcas dolorosas para salvar-nos. A misericórdia desse Deus é tamanha que se soubermos nos entregar de coração ao seu amor iremos perceber o quanto precisamos Dele e o quanto ele nos cerca de cuidados.
Que possamos nos entregar a Deus de corpo e espírito e que Ele possa nos ensinar a descobrir nas nossas fraquezas a riqueza de seu amor e de sua misericórdia.
Sem. Filipe

EVANGELHO: Quinta-feira, dia 22 de Setembro de 2005.



Hoje a Igreja celebra : S. Maurício e companheiros (soldados romanos), mártires, séc. III


Livro de Ageu 1,1-8.
No segundo ano do reinado de Dario, no primeiro dia do sexto mês, a palavra do Senhor foi dirigida, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Joçadac, Sumo Sacerdote, nestes termos: «Eis o que diz o Senhor do universo: Este povo diz: ‘Não chegou ainda o momento de reedificar o templo do Senhor.’» E a palavra do Senhor foi dirigida por meio do profeta Ageu, nestes termos: «É então tempo para vós habitardes em casas confortáveis, enquanto esta casa está em ruínas?» Eis, pois, o que declara o Senhor do universo: «Reflecti, no vosso coração, sobre o caminho que tomastes. Semeastes muito mas recolhestes pouco; comestes mas não vos saciastes; bebestes mas não apagastes a vossa sede; vestistes-vos mas não vos aquecestes. O operário ganhou o seu salário mas meteu-o em saco roto.» Assim fala o Senhor do universo: «Reflecti no vosso coração, sobre o caminho que tomastes. Subi à montanha, trazei madeira e reedificai a casa; ela me será agradável e nela serei glorificado – diz o Senhor.
Livro de Salmos 149,1-6.9.
Cantai ao SENHOR um cântico novo; louvai-o na assembleia dos fiéis! Alegre-se Israel no seu criador; regozije-se o povo de Sião no seu rei! Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe ao som de harpas e tambores! SENHOR ama o seu povo e honra os humildes com a vitória! Exultem de alegria os fiéis pelo triunfo de Deus e cantem jubilosos em seus leitos! Entoem bem alto os louvores de Deus, com a espada de dois gumes na mão, para lhes aplicarem a sentença que estava determinada. Esta é a glória de todos os seus fiéis.
Evangelho segundo S. Lucas 9,7-9.
O tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que se passava; e andava perplexo, pois alguns diziam que João ressuscitara dos mortos; outros, que Elias aparecera, e outros, que um dos antigos profetas ressuscitara. Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar, mas quem é este de quem oiço dizer semelhantes coisas?» E procurava vê-lo.
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santo Isaac, o Sírio (séc. VII), monge em Nínive, perto de Mossul no actual Iraque Discursos espirituais

Herodes procurava ver JesusComo é que os seres criados podiam contemplar Deus ? A visão de Deus é tão terrível que Moisés diz que ele próprio temeu e tremeu. Na verdade, quando a glória de Deus apareceu sobre o Monte Sinai (Ex 20), a montanha deitava fumo e tremia de medo diante da revelação; os animais que se aproximavam das encostas morriam. Os filhos de Israel prepararam-se; purificaram-se durante três dias cumprindo a ordem de Moisés, a fim de serem dignos de ouvia a voz de Deus e ver a sua revelação. No entanto, quando chegou o tempo, eles não puderam assumir a visão da sua luz nem receber a força da sua voz de trovãoMas agora que, com a sua vinda, ele derramou a graça sobre o mundo, não foi num tremor de terra, nem no fogo, nem anunciando-se com uma voz terrível e forte que ele desceu, mas como o orvalho no velo do carneiro (Jz 6,37), como uma gota que cai suavemente sobre a terra. Foi sob outra forma que ele veio ao meio de nós: na verdade, cobriu a sua grandeza com o véu da carne. Desta, fez ele um tesouro: viveu entre nós dessa carne que, por sua vontade, tinha formado para si mesmo no seio da Virgem Maria, a Mãe de Deus, para que, vendo-o como alguém da nossa raça e vivendo no meio de nós, não ficássemos perturbados pelo medo ao contemplá-lo. Por isso, aqueles que se revestiram das vestes em que o Criador apareceu, deste corpo de que ele se revestiu, revestiram-se do próprio Cristo (Ga 3,27). Porque eles desejaram viver no seu homem interior (Ef 3,16) a mesma humildade com que Cristo se revelou à sua criação e nela viveu, tal como agora se revela aos seus servos. Em vez do traje de honra e da glória exterior, eles revestiram-se dessa humildade.

21 setembro, 2005

Vocação do músico - reflexão



“Mas a cada um de nós foi dado a graça, segundo a medida do dom de Cristo.” (Efésios 4, 5).

A cada um de nós foi dado um dom, ou mais, e Jesus age através desses dons que possuímos (somente pela graça e misericórdia de Deus), perpetuando a ação da Igreja no mundo, sendo nós todos juntos o corpo místico de Cristo. E cada parte desse corpo possui a sua particularidade e importância. Vamos, hoje, olhar para a voz desse corpo.

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo e o seu louvor na assembléia dos fiéis.” (Sl 149, 1).

Como cantar um canto novo? Que canto novo é este que Deus nos convida a cantar? Nossa conversão busca constantemente o homem novo (Efe. 4, 23-24), e o homem novo, por sua vez revestido de verdadeira justiça e santidade, canta um canto novo, que sobe ao céu louvando na assembléia dos fiéis, ou seja, juntamente com os seus irmãos. Mas é somente do canto que conhecemos como um conjunto ordenado de sons que nos fala o salmista? Sto Agostinho nos diz:

“Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida.” (sermões n. 34)

Nossa vida, todo o nosso ser e agir deve ser esse canto novo. A vocação de músicos (ministros da música), não implica somente em um cantar com uma boa técnica, um bom conhecimento musical e litúrgico. A vocação de músicos de Deus – representantes da harmonia que há do céu – resume-se em viver o canto novo, ser o canto novo. Sto Agostinho no mesmo sermão diz:

“Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.”

Viver santamente, logo voltamos ao assunto que deve estar sempre presente e vivo em nossos corações – a nossa santificação – e como pensar na vocação de cantar sem antes pensar na vocação de ser santo?
Jesus veio fazer a nova aliança para sermos homens e mulheres novos e para cantarmos o canto novo que brota do coração cada vez que nos permitimos ser instrumentos de Deus que é Amor. Esse é o centro da nossa vocação de músicos – e de toda vocação -, o amor. Aprendemos a amar porque Ele nos amou primeiro (Jo 4, 10). E se Jesus nos amou primeiro, deu a vida por nós abrindo as portas do céu, então podemos nós, sim, abrirmos nossos corações para sermos novos homens e novas mulheres e cantarmos o canto novo, que é nossa vida nova, sob o Senhorio de Cristo, como São Paulo, (Gálatas 2, 20).
Talvez não seja novidade o que lemos até agora. A novidade se encontra justamente neste convite: não somente cantemos o canto novo, vamos ser o canto novo.
Que antes da técnica, do conhecimento, da preocupação com as vozes, da ação, soe nos nossos corações a mesma música, venha em nossos corações o amor de Deus e que cada gesto do nosso ser seja um canto agradável ao Senhor. Amém.
Sem. Filipe

Leituras adicionais
Ex. 15, 2
Is. 42, 10
I Cor. 14, 15 -17
Apo. 5, 9 -10

EVANGELHO: Quarta-feira, dia 21 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Mateus, apóstolo e evangelista

Carta aos Efésios 4,1-7.11-13.
Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; com toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só baptismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos. Mas, a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. E foi Ele que a alguns constituiu como Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, em ordem a preparar os santos para uma actividade de serviço, para a construção do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo.
Livro de Salmos 19,2-5.
Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia passa ao outro esta mensagem e uma noite dá conhecimento à outra noite. Não são palavras nem discursos cujo sentido se não perceba. seu eco ressoou por toda a terra, e a sua palavra, até aos confins do mundo. Deus fez, lá no alto, uma tenda para o Sol,
Evangelho segundo S. Mateus 9,9-13.
Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou se e seguiu-o. Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Beda Venerável (cerca de 673-735), monge, doutor da Igreja Homilias sobre os evangelhos

“Segue-me”"Jesus viu um homem sentado no balcão dos impostos ; o seu nome era Mateus. ‘Segue-me’, disse-lhe ele”. Ele viu-o não tanto com os olhos do corpo como com o olhar interior da sua misericórdia.... Viu o publicano e, como o viu com um olhar que tem piedade e que escolhe, “disse-lhe: ‘Segue-me’”, quer dizer, imita-me. Pedindo-lhe que o seguisse, convidava-o menos a caminhar atrás dele do que a viver como ele; porque “aquele que declara permanecer em Cristo de caminhar pelo caminho por onde Jesus caminhou” (1 Jo 2,6)...Mateus “levantou-se e seguiu-o”. Nada de espantoso que o publicano, ao primeiro apelo imperioso do Senhor, tenha abandonado a sua procura de bens temporais, tenha aderido àquele que lhe aparecia desprovido de toda a riqueza. É que o Senhor, que o chamava de fora com a sua palavra, tocava-o no mais íntimo da alma, derramando nela a luz da graça espiritual. Esta luz faria Mateus compreender que quem o chamava a deixar os bens materiais na terra era capaz de lhe dar no céu um tesouro incorruptível.

20 setembro, 2005

Adoração!!!!!!!



Até os anjos fazem... quem somos nós para abdicar?!?

EVANGELHO: Terça-feira, dia 20 de Setembro de 2005.

Deixai continuar os trabalhos do templo de Deus e que o governador dos judeus e seus anciãos o reconstruam no seu lugar. Também ordeno como se deve proceder para com esses anciãos dos judeus a fim de que seja reconstruído o templo de Deus: das receitas reais, provenientes dos impostos, pagos na outra margem do rio, pague-se integralmente a esses homens, para que a obra não sofra interrupção; E Deus, que ali faz habitar o seu nome, destrua todo o rei e todo o povo que levantar a mão para mudar este decreto e destruir a morada de Deus que está em Jerusalém! Eu, Dario, dei esta ordem. Que ela seja pontualmente executada.» Os anciãos dos judeus prosseguiram com êxito a reconstrução do templo, segundo as profecias de Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ido. Terminaram a construção, segundo a ordem do Deus de Israel e segundo a ordem de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia. Concluiu-se o edifício no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado de Dario. Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e os demais repatriados celebraram com júbilo a dedicação do templo de Deus. Ofereceram, para esta dedicação, cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e doze bodes, como vítimas expiatórias pelos pecados de todo o Israel. Distribuíram os sacerdotes segundo as suas classes e os levitas segundo as suas divisões, para celebrarem o culto de Deus em Jerusalém, conforme as prescrições do livro de Moisés. Os repatriados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. Os sacerdotes e os levitas, sem excepção, purificaram-se e, assim, todos estavam puros. Imolaram a Páscoa por todos os repatriados, pelos seus irmãos sacerdotes e por eles mesmos.
Livro de Salmos 122,1-5.
Que alegria, quando me disseram: «Vamos para a casa do SENHOR!» Os nossos pés detêm-se às tuas portas, ó Jerusalém! Jerusalém, cidade bem construída, harmoniosamente edificada. Para lá sobem as tribos, as tribos do SENHOR, segundo o costume de Israel, para louvar o nome do SENHOR. Nela estão os tribunais da justiça, os tribunais da casa de David. Evangelho segundo
S. Lucas 8,19-21.
Sua mãe e seus irmãos vieram ter com Ele, mas não podiam aproximar-se por causa da multidão. Anunciaram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te.» Mas Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de Africa) e doutor da Igreja Sobre a santa virgindade
Maria, Mãe de Cristo, mãe da Igreja Aquele que é o fruto de uma única Virgem Santa é a glória e a honra de todas as outras santas virgens; porque elas próprias são, como Maria, as mães de Cristo, se fizerem a vontade de seu Pai. A glória e a felicidade da Maria por ser a mãe de Jesus Cristo desabrocham sobretudo nas palavras do Senhor: "Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mt 12,50).Ele indica assim o parentesco espiritual que o liga ao povo que resgatou. Os seus irmãos e as suas irmã são os homens santos e as mulheres santas que tomam parte com ele na herança celeste. A sua mãe é toda a Igreja porque é ela quem, pela graça de Deus, gera os membros de Jesus Cristo, isto é, aqueles que lhe são fiéis. A sua mãe é também toda a alma santa que faz a vontade do Pai e cuja caridade fecunda se manifesta naqueles que gera para ele, até que ele mesmo neles seja formado (Ga 4,19)Maria é certamente a mãe dos membros do Corpo de Cristo, isto é, de nóspróprios, porque, pela sua caridade, ela cooperou para gerar na Igreja osfiéis que são os membros desse divino chefe de quem é verdadeiramente mãe segundo a carne.

19 setembro, 2005

Entrei...

Olha só pessoal agora também já sei postar textos, logo coloco aqui as meditações, um grande abraço! Pax Vobis!

EVANGELHO: Segunda-feira, dia 19 de Setembro de 2005.



Hoje a Igreja celebra : S. Januário, bispo, mártir, +305, Nossa Senhora da Salette


Livro de Esdras 1,1-6.
No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor pronunciada por Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, o qual mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, o seguinte decreto: «Assim fala Ciro, rei da Pérsia: ‘O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, cidade de Judá. Quem de vós pertence ao seu povo? Que o seu Deus esteja com ele. Suba a Jerusalém, que fica na terra de Judá, e construa o templo do Senhor, Deus de Israel, o Deus que reside em Jerusalém. Todos os sobreviventes, onde quer que habitem, sejam providos pelos habitantes das localidades onde se encontram, de prata, ouro, cereais, gado e ofertas voluntárias para o templo do Deus que reside em Jerusalém.’» Assim, os chefes das famílias de Judá e de Benjamim, os sacerdotes e levitas e todos aqueles a quem Deus movera os corações, prepararam-se para ir reedificar o templo do Senhor que está em Jerusalém. Todos os que viviam nas redondezas ajudaram-nos, dando-lhes prata, ouro, bens diversos, gado, cereais e coisas preciosas, além de outras ofertas voluntárias.
Livro de Salmos 126,1-6.
Quando o SENHOR mudou o destino de Sião, parecia-nos viver um sonho. nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções. Dizia-se, então, entre os pagãos: «O SENHOR fez por eles grandes coisas!» Sim, o SENHOR fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria. Transforma, SENHOR, o nosso destino, como as chuvas transformam o deserto do Négueb. Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria. ida vão a chorar, carregando e lançando as sementes; no regresso cantam de alegria, transportando os feixes de espigas.
Evangelho segundo S. Lucas 8,16-18.
«Ninguém acende uma candeia para a cobrir com um vaso ou para a esconder debaixo da cama; mas coloca-a no candelabro, para que vejam a luz aqueles que entram. Porque não há coisa oculta que não venha a manifestar-se, nem escondida que não se saiba e venha à luz. Vede, pois, como ouvis, porque àquele que tiver, ser-lhe-á dado; mas àquele que não tiver, ser-lhe-á tirado mesmo o que julga possuir.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. João Crisóstomo (cerca de 345 - 407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja Homilia 15 sobre S. Mateus

A lâpada no lampadário"Não se acende uma lâmpada para a pôr debaixo do alqueire". Mais uma vez, com estas palavras, Jesus incita os seus discípulos a levarem uma vida sem mancha, aconselhando-os a velar constantemente sobre si mesmos, uma vez que estão colocados diante dos olhos de todos os homens, tal como atletas num estádio visto por todo o universo (1 Co 4,9).Declara-lhes: "Não digais: 'Podemos agora sentar-nos tranquilos, escondidos num cantinho do mundo', porque ides estar à vista de todos os homens, tal como uma cidade situada no cimo de um monte (Mt 5,14), tal como em casa uma luz que se pôs sobre o lampadário... Eu acendi a luz do vosso archote, mas cabe-vos alimentá-la, não só para vosso proveito pessoal, mas no interesse de todos os que a virem e forem, por ela, conduzidos à verdade. As piores malícias não poderão lançar qualquer sombra sobre a vossa luz, se viverdes na vigilância dos que são chamados a conduzir para o bem o mundo inteiro.Que a vossa vida responda, pois, à santidade do vosso ministério, para que a graça de Deus seja anunciada em toda a parte".

18 setembro, 2005

A DIVERSIDADE DOS AMORES:

VOZ DO PASTOR, DOM DADEUS GRINGS
O amor não é unívoco. Existem muitas espécies de amor que não podem ser confundidas nem igualadas. Ao professarmos que o amor é a essência da vida cristã, iniciamos com aquele amor que nos foi trazido pelo próprio Cristo. Ele não só formulou um mandamento, que chama de novo, mas, pelo Espírito Santo, infundiu em nossos corações o amor de Deus. O amor cristão é, pois, uma virtude infusa, juntamente com a fé e a esperança, mas classificada por São Paulo como a maior delas. Está na categoria da graça e exprime a própria santidade.
Com o batismo recebemos uma vida nova, divina, que chamamos de graça santificante. Tornamo-nos ontologicamente santos, repletos do amor de Deus. Por isso, a rigor falando, ninguém se santifica a si mesmo, mas é santificado, desde o batismo, por Deus. Trata-se apenas de não perder essa santidade. Mais ainda: é preciso que dê frutos de boas obras, que, na sua essência, são o amor. Por isso podemos dizer que, desde o batismo, como somos ontologicamente santos e devemos tornar-nos santos também psicologicamente, temos igualmente ontologicamente o amor de Deus, mas devemos exprimi-lo e assumi-lo também psicologicamente. É essa nossa tarefa de batizados.
O amor cristão tem por modelo Jesus Cristo: amar como Ele amou. Isso significa que o amor não tem limites. Estende-se não só a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas até aos inimigos. Inclui misericórdia e perdão. Não há desculpa de eventual falta de correspondência. Nem número que possa justificar uma quota satisfatória, acima da qual pudesse considerar-se dispensado ou já ter suficientemente cumprido o mandamento. Vai até 70 vezes sete, o que, para quem não sabe calcular, é um número aberto ao infinito.
Mas, além do amor cristão, como máxima dádiva de Deus aos homens, fazendo-os participar de sua própria divindade, que é o amor, bom para os justos e injustos, misericordioso para os bons e maus, existem diversas categorias de amor humano. O primeiro amor, que nos é dado experimentar, como quem é amado, é o amor materno e o amor paterno. É da mãe que acalenta o fruto de seu ventre e é do pai, que se empenha na manutenção do filho que gerou.
Mas o primeiro amor, que alguém sente, como sujeito, ao começar a amar, é a relação que acontece entre os namorados e, depois, se solidifica no noivado, até culminar no casamento entre esposo e esposa. Descobre, por assim dizer, sua outra metade. De dois se tornam um só. Um vive totalmente para o outro, que o completa e realiza. É a unidade perfeita do amor humano.
Vem depois o amor filial. Os pais, que amam seus filhos, têm como maior recompensa a retribuição do amor, que neles se tornou filial. É o reconhecimento por tudo o que foi recebido, tanto pelo dom da vida transmitida como, principalmente, pelos cuidados que os pais tiveram para com ela.
Nesse clima de amor surge e se desenvolve o amor fraterno. Os amados dos pais, pela convivência familiar, começam a amar-se mutuamente. Conviver em família é amar-se. O amor filial envolve o amor fraterno. E os pais têm, como missão fundamental de seu amor paterno, educar seus filhos no amor fraterno. É o amor da família.
O amor fraterno se estende biologicamente, pela convivência, aos parentes, por consangüinidade; por afinidade a partir do matrimônio; e por parentesco espiritual, surgido da recepção dos sacramentos, entre os padrinhos e os afilhados.
Se o amor, que envolve parentesco, é por assim dizer estrutural ou institucional, existe o amor de amizade, que está ligado à espontaneidade. Parentes se recebem e, em conseqüência, é-se levado a amá-los; mas amigos se fazem ou se conquistam. Amigos de peito, sendo poucos, são extremamente importantes. Quem encontrou um amigo, nos diz a sagrada Escritura, encontrou um tesouro. E Aristóteles já definia o amigo com a metade de nossa alma.
Além dos amigos íntimos, todos temos um círculo mais ou menos amplo de conhecidos, com os quais temos certa relação de bem-querer. É importante que nosso amor se estenda mais e mais, a ponto de envolver o maior número possível de pessoas. Isso nos enriquece e enriquece a humanidade.

EVANGELHO: Domingo, dia 18 de Setembro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : XXV Domingo Comum (semana I do saltério), S. José de Cupertino, religioso, +1663


Livro de Isaías 55,6-9.
Buscai o SENHOR, enquanto se pode encontrar; invocai-o, enquanto está perto. Deixe o ímpio os seus caminhos, e o criminoso os seus projectos. Volte-se para o SENHOR, que terá piedade dele, para o nosso Deus, que é generoso em perdoar. Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos oráculo do SENHOR. Tanto quanto os céus estão acima da terra, assim os meus caminhos são mais altos que os vossos, e os meus planos, mais altos que os vossos planos.
Livro de Salmos 145,2-3.8-9.17-18.
Todos os dias te bendirei; louvarei o teu nome para sempre. SENHOR é grande e digno de todo o louvor; a sua grandeza é insondável. SENHOR é clemente e compassivo, é paciente e misericordioso. SENHOR é bom para com todos; a sua ternura repassa todas as suas obras. SENHOR é justo em todos os seus caminhos e misericordioso em todas as suas obras. SENHOR está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam sinceramente.
Carta aos Filipenses 1,20-24.27.
de acordo com a ansiedade e a esperança que tenho de que em nada serei envergonhado. Pelo contrário: com todo o desassombro, agora como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, quer pela vida quer pela morte. É que, para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro. Se, entretanto, eu viver corporalmente, isso permitirá que dê fruto a obra que realizo. Que escolher então? Não sei. Estou pressionado dos dois lados: tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; mas continuar a viver é mais necessário por causa de vós. Só isto é necessário: comportai-vos em comunidade de um modo digno do Evangelho de Cristo, para que – quer eu vá ter convosco, quer esteja ausente – ouça dizer isto de vós: que permaneceis firmes num só espírito, lutando juntos, numa só alma, pela fé no Evangelho
Evangelho segundo S. Mateus 20,1-16.
«Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha. Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam sem trabalho, e disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’ E eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo. Saindo pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: 'Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’ Responderam-lhe: 'É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha.’ Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: 'Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’ Vieram os das cinco da tarde e receberam um denário cada um. Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um. Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: 'Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia e o seu calor.’ O proprietário respondeu a um deles: 'Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos? Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti. Ou não me será permitido dispor dos meus bens como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. João Crisóstomo (cerca de 345 - 407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja Homilias sobre S. Mateus

Ide, vós também, para a minha vinhaÉ evidente que esta parábola se dirige ao mesmo tempo aos que são virtuosos deste a sua tenra idade e aos que o atingem apenas na velhice: aos primeiros, para os preservar do orgulho e impedi-los de criticar os da décima primeira hora; aos segundos, para lhes ensinar que podem merecer o mesmo salário em pouco tempo. O Salvador tinha acabado de falar acerca da renúncia às riquezas, do desprezo de todos os bens, de virtudes que implicam grande valor e coragem. Para isso, era preciso o ardor e a energia de uma alma em plena juventude; neles o Senhor reacende então a chama da caridade, fortalece os seus sentimentos e mostra-lhes que mesmo os que chegam no fim recebem o salário de um dia inteiro...Todas as parábolas de Jesus, a das virgens, a da rede, a dos espinhos, a da árvore estéril, convidam-nos a mostrar a virtude nas nossas acções. Ele fala pouco de dogmas, porque não implicam grande sofrimento. Mas da vida, fala Ele muitas vezes; ou, melhor, fala sempre porque, sendo a vida um combate eterno, também eterno é o esforço.

17 setembro, 2005

EVANGELHO: Sabado, dia 17 de Setembro de 2005


Hoje a Igreja celebra : S. Roberto Belarmino, bispo, Doutor da Igreja, +1621


1ª Carta a Timóteo 6,13-16.
Na presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho perante Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, recomendo-te que guardes o mandato, sem mancha nem culpa, até à manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta manifestação será feita nos tempos estabelecidos, pelo bem-aventurado e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade, que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu nem pode ver. A Ele, honra e poder eterno! Ámen!
Livro de Salmos 100,2-5.
servi ao SENHOR com alegria, vinde à sua presença com cânticos de júbilo! Sabei que o SENHOR é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho. Entrai pelas suas portas em acção de graças; entrai nos seus átrios com hinos de louvor; glorificai-o e bendizei o seu nome. SENHOR é bom! O seu amor é eterno! É eterna a sua fidelidade! SALMOS Evangelho segundo
S. Lucas 8,4-15.
Como estivesse reunida uma grande multidão, e de todas as cidades viessem ter com Ele, disse esta parábola: «Saiu o semeador para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, foi pisada e as aves do céu comeram-na. Outra caiu sobre a rocha e, depois de ter germinado, secou por falta de humidade. Outra caiu no meio de espinhos, e os espinhos, crescendo com ela, sufocaram-na. Uma outra caiu em boa terra e, uma vez nascida, deu fruto centuplicado.» Dizendo isto, clamava: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça!» Os discípulos perguntaram-lhe o significado desta parábola. Disse-lhes: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; mas aos outros fala-se-lhes em parábolas, a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.» «O significado da parábola é este: a semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. Os que estão sobre a rocha são os que, ao ouvirem, recebem a palavra com alegria; mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. E a que caiu em terra boa são aqueles que, tendo ouvido a palavra, com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Gregório Magno (cerca de 540 - 604), papa, doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho

Dar fruto pela perseverançaVigiai para que a palavra que recebestes ressoe no fundo do vosso coração e aí permaneça. Tende cuidado para que a semente não caia ao longo do caminho, receando que o Espírito mau venha apagar a palavra da vossa memória... Tende cuidado para que o chão pedregoso não receba a semente e não produza uma boa acção desprovida das raízes da perseverança. Com efeitos, muitos se alegram ao ouvir a palavra e se dispõem a empreender boas obras. Mas apenas as provações começaram a apertá-los, eles renunciam ao que tinham empreendido. Assim, o solo pedregoso teve falta de água, de tal forma que o germe da semente não chegou a dar o fruto da perseverança.Mas o terra boa dá fruto pela paciência: entendamos por isso que as nossas boas obras podem ter valor se suportarmos pacientemente os inconvenientes que o nosso próximo nos provoca. Aliás, quanto mais avançamos para a perfeição, mais provas temos de suportar; uma vez que a nossa alma abandonou o amor do mundo presente, cresce a hostilidade desse mundo. É por isso que vemos muitos que penam sob um pesado fardo (Mt 11,28), sendo boas as suas obras… Mas, de acordo com a palavra do Senhor, “eles produzem fruto pela sua perseverança”, suportando humildemente essas provas, de tal forma que, após terem penado, serão convidados a entrar na paz do céu.