27 setembro, 2005

A arte de Deus e a arte para Deus. - reflexão




Nosso amado e bom Deus nos deu toda a criação e fez dela morada de suas prediletas criaturas, os homens.
Essa magnífica obra de arte, que nem o mais sábio dos homens foi capaz de compreendê-la por completo, é uma das mais belas provas do amor de Deus. Observem a natureza, as plantas, desde as mais miudinhas às grandes figueiras, olhem os pássaros com tantas raças, cores e cantos diferentes, observem também as montanhas, os mares, os rios, e o infinito céu.
Como dizer que isso tudo foi obra do acaso? Seria como se eu pegasse um copo de vidro, quebrasse em minúsculos pedacinhos e jogasse tudo para cima e, após tudo isso, os pedacinhos caíssem ordenadamente de forma a juntarem-se de novo num copo.
Não, meus irmãozinhos, Deus em sua infinita sabedoria deu início a toda essa criação e hoje continua, através dela, a manifestar o seu amor e providência por nós. Se até os lírios dos campos Ele veste, que dirá a nós, seus prediletos? A obra de arte de Deus nos revela o próprio Deus.
Vejamos agora a arte para Deus. A cada dia nos encontramos envolvidos pela criação, inseridos nela, sendo criação com ela (aqui me refiro a toda a natureza criada por Deus). Como é a arte para Deus? A arte para Deus é essa criação que eu transformo para melhor ainda aproximar-se do eterno – Deus -. É a tentativa, sempre falha, de ilustrar o céu, o paraíso, a própria presença de Deus em nós. Mas se é sempre falha, para que pintar os ícones e tantas outras pinturas, para que tecer tapetes e terços, para que desenhar, construir, compor e cantar?
Porque através dessa arte que é imperfeita, diferente da de Deus, que eu manifesto o meu miserável amor por Ele. Maria ao ouvir a saudação de sua prima Isabel cantou o Magnífcat e assim expressou, com palavras limitadas, o ilimitado amor de Deus agindo nela. É como se fosse uma contradição. Fazemos arte sabendo que nunca iremos manifestar realmente o que se passa no céu ou até nos nossos próprios corações.
Mas o ato de fazer arte, o ato de compor uma música e cantá-la, o ato de tecer um terço ou pintar um ícone ou quadro, oferecendo a Deus esse serviço, fazendo dele meio de conversão e santificação e principalmente de evangelização, aí se encontra o verdadeiro significado da arte para Deus (no nosso caso, a arte sacra cristã). Aí se encontra a espiritualidade da Arte para Deus, não nela propriamente dita, mas no ato de dedicá-la a Deus, no momento em que coloco meus dons ao serviço do Reino.

Sem. Filipe