22 setembro, 2005

Nossas fraquezas - reflexão


Amados irmãos, paz de Jesus Cristo!
Venho com alegre disposição e muita esperança na misericórdia de Deus propor-vos mais uma meditação, o assunto que quero que pensem é o seguinte: Fraqueza
Sim, vamos meditar sobre nossas fraquezas. Quero que pensem naquilo que é mais difícil, naquilo que é mais doloroso de enfrentar na vida de fé. Deus nos criou em espírito e em matéria (carne) e não podemos negar nenhuma dessas dimensões. Possuímos uma psique e todo um desenvolvimento pessoal na personalidade e no físico e tudo isso nos influencia diariamente. Só conseguimos nos aproximar de Deus quando, sem mais resistir, aceitamos todas as dimensões de nosso ser e dialogamos com cada uma delas.
Dialogar, essa é a palavra mais correta para definir a atitude que devemos ter com nossas fraquezas e limitações. Precisamos tentar dialogar com nossa raiva, com nossa tristeza, com nosso desejo, com os sentimentos que possuímos e que são humanos e necessários e descobrir o que Deus me diz em cada um deles. Somente quando não nego meus sentimentos e, ao contrário, converso francamente com eles, posso então entender o que Deus quer me dizer com isso ou aquilo. É extremamente necessário reconhecer quem sou, quais as minhas limitações e quais os meus dons para então conhecer a Deus. São Paulo diz: “Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor” (I Cor. 2, 3). O apóstolo reconhece sua fraqueza e mesmo assim não deixa de evangelizar. Assim nós também devemos agir perante nossas fraquezas. Elas não devem impedir que eu realize o plano que Deus tem para mim, mas devem fazer com que eu me conheça melhor e possa, então, definir com mais clareza os passos que devo dar para superá-las com o discernimento correto.
Deus fala nos nossos sentimentos e nas nossas fraquezas e nos diz o que precisamos e qual a Sua vontade. Quando sinto muita raiva, por exemplo, nisso Deus pode estar querendo que eu olhe para aquilo que mais irrita em mim mesmo, pode estar querendo mostrar-me que sou limitado e que não tenho que ser perfeito e eternamente paciente e pode também me mostrar aquilo que, naquele momento de minha vida, é prioridade trabalhar em mim. Não se pode generalizar, é preciso analisar cada situação. O medo, outro exemplo, mostra-me na verdade aquilo que ainda não consegui entregar nas mãos de Deus, ou aquilo que ainda não aceitei em mim, a tristeza pode ser um bom sinal para mim descobrir o quanto sou frágil e dependo de Deus, e assim por diante. O importante é sempre dialogar, conversar com as minhas fraquezas e tentar descobrir o que Deus quer me falar com elas. Ele nos fez assim e assim nos fala e edifica.
As nossas fraquezas são na verdade uma ponte para o amor de Deus. Nelas podemos encontrar a maior prova de que Deus nos ama e nos quer no seu caminho. Por incrível que pareça a pequena história da ovelhinha com a patinha amarrada faz sentido, aquela que o pastor amarra a pata de sua ovelha para que ela não fuja e carrega-a no colo para que ela aprenda a andar com ele, assim como a pequena história da mãe que, para livrar o filho do crocodilo que tenta engoli-lo, deixa marcas das unhas nos braços dele. Deus muitas vezes nos deixa marcas dolorosas para salvar-nos. A misericórdia desse Deus é tamanha que se soubermos nos entregar de coração ao seu amor iremos perceber o quanto precisamos Dele e o quanto ele nos cerca de cuidados.
Que possamos nos entregar a Deus de corpo e espírito e que Ele possa nos ensinar a descobrir nas nossas fraquezas a riqueza de seu amor e de sua misericórdia.
Sem. Filipe