21 setembro, 2005

Vocação do músico - reflexão



“Mas a cada um de nós foi dado a graça, segundo a medida do dom de Cristo.” (Efésios 4, 5).

A cada um de nós foi dado um dom, ou mais, e Jesus age através desses dons que possuímos (somente pela graça e misericórdia de Deus), perpetuando a ação da Igreja no mundo, sendo nós todos juntos o corpo místico de Cristo. E cada parte desse corpo possui a sua particularidade e importância. Vamos, hoje, olhar para a voz desse corpo.

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo e o seu louvor na assembléia dos fiéis.” (Sl 149, 1).

Como cantar um canto novo? Que canto novo é este que Deus nos convida a cantar? Nossa conversão busca constantemente o homem novo (Efe. 4, 23-24), e o homem novo, por sua vez revestido de verdadeira justiça e santidade, canta um canto novo, que sobe ao céu louvando na assembléia dos fiéis, ou seja, juntamente com os seus irmãos. Mas é somente do canto que conhecemos como um conjunto ordenado de sons que nos fala o salmista? Sto Agostinho nos diz:

“Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida.” (sermões n. 34)

Nossa vida, todo o nosso ser e agir deve ser esse canto novo. A vocação de músicos (ministros da música), não implica somente em um cantar com uma boa técnica, um bom conhecimento musical e litúrgico. A vocação de músicos de Deus – representantes da harmonia que há do céu – resume-se em viver o canto novo, ser o canto novo. Sto Agostinho no mesmo sermão diz:

“Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.”

Viver santamente, logo voltamos ao assunto que deve estar sempre presente e vivo em nossos corações – a nossa santificação – e como pensar na vocação de cantar sem antes pensar na vocação de ser santo?
Jesus veio fazer a nova aliança para sermos homens e mulheres novos e para cantarmos o canto novo que brota do coração cada vez que nos permitimos ser instrumentos de Deus que é Amor. Esse é o centro da nossa vocação de músicos – e de toda vocação -, o amor. Aprendemos a amar porque Ele nos amou primeiro (Jo 4, 10). E se Jesus nos amou primeiro, deu a vida por nós abrindo as portas do céu, então podemos nós, sim, abrirmos nossos corações para sermos novos homens e novas mulheres e cantarmos o canto novo, que é nossa vida nova, sob o Senhorio de Cristo, como São Paulo, (Gálatas 2, 20).
Talvez não seja novidade o que lemos até agora. A novidade se encontra justamente neste convite: não somente cantemos o canto novo, vamos ser o canto novo.
Que antes da técnica, do conhecimento, da preocupação com as vozes, da ação, soe nos nossos corações a mesma música, venha em nossos corações o amor de Deus e que cada gesto do nosso ser seja um canto agradável ao Senhor. Amém.
Sem. Filipe

Leituras adicionais
Ex. 15, 2
Is. 42, 10
I Cor. 14, 15 -17
Apo. 5, 9 -10