23 setembro, 2005

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 23 de Setembro de 2005



Hoje a Igreja celebra : São Pio de Petrelcina (Padre Pio), presbítero, +1968


Livro de Ageu 1,15.2,1-9.
Era o vigésimo quarto dia do sexto mês. No segundo ano do rei Dario, no vigésimo primeiro dia do sétimo mês, a palavra do Senhor fez-se ouvir por meio do profeta Ageu, nestes termos: «Fala ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, ao Sumo Sacerdote Josué, filho de Joçadac, e ao resto do povo: Quem é que resta entre vós que tenha visto este templo na sua glória passada? E como o vedes agora? Não vos parece que não é nada? Mas agora coragem, Zorobabel! Coragem, Josué, Sumo Sacerdote, filho de Joçadac! Coragem, povo todo do país! Mãos à obra! Pois Eu estou convosco – oráculo do Senhor do universo. Segundo a aliança que fiz convosco quando saístes do Egipto, o meu espírito permanece no meio de vós. Não temais. Porque assim fala o Senhor do universo: Ainda um pouco de tempo e Eu abalarei o céu e a terra, os mares e os continentes. Sacudirei todas as nações para que afluam os tesouros de todas as nações e encherei de glória este templo – diz o Senhor do universo. A prata e o ouro me pertencem –diz o Senhor do universo. O esplendor futuro deste templo será maior que o primeiro – oráculo do Senhor do universo, e neste lugar Eu darei a paz» –diz o Senhor do universo.
Livro de Salmos 43,1-4.
Faz-me justiça, ó Deus, e defende a minha causa contra a gente sem piedade! Livra-me do homem mentiroso e perverso. Tu, ó Deus, és o meu refúgio. Porque me rejeitaste? Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo? Envia a tua luz e a tua verdade, para que elas me guiem e conduzam à tua montanha santa, à tua morada. Eu irei ao altar de Deus, ao Deus que é a alegria da minha vida. Ao som da harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus.
Evangelho segundo S. Lucas 9,18-22.
Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.» Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.» Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI] Der Gott Jesu Christi

«É preciso que o Filho do homem sofra…, seja rejeitado… e morto, e que ressuscite»Ser homem significa : ser para a morte ; ser homem significa : ter de morrer… Viver, neste mundo, quer dizer morrer. « Fez-se homem » (Credo) ; isso significa que também Cristo foi para a morte. A contradição que é própria da morte do homem atinge em Cristo a sua acuidade extrema porque, nele, que está em comunhão total com o Pai, o isolamento absoluto da morte é um puro absurdo. Por outro lado, nele, a morte tem também a sua necessidade ; na verdade, o facto de estar com o Pai está na raiz de incompreensão que os homens lhe testemunham, na raiz da sua solidão no meio das multidões. A sua condenação é o acto último da não-compreensão, da expulsão deste Incompreendido para uma zona de silêncio.De igual forma, pode-se entrever alguma coisa da dimensão interior da sua morte. No homem, morrer é sempre ao mesmo tempo um acontecimento biológico e espiritual. Em Jesus, a destruição dos suportes corporais da comunicação quebra o seu diálogo com o Pai. Portanto, o que se rompe na morte de Jesus Cristo é mais importante do que em qualquer morte humana ; nela é destruido o diálogo que é o verdadeiro eixo do mundo inteiro.Mas, tal como este diálogo o tinha tornado solitário e estava na raiz da monstruosidade desta morte, assim em Cristo a ressurreição está já fundamentalmente presente. Por ela, a nossa condição humana insere-se na partilha trinitária do amor eterno. Ela jamais pode desaparecer ; para lá do limiar da morte, ela ergue-se de novo e recria a sua plenitude. Só a Ressurreição revela, pois, o carácter único, decisivo deste artigo da nossa fé : « Ele fez-se homem »… Cristo é plenamente humano ; sê-lo-á para sempre. A condição humana entrou por ele no próprio ser de Deus ; é esse o fruto da sua morte.