30 outubro, 2005

"OS VALORES DO BEM COMUM" por Dom Dadeus Grings.

Numa época em que se calca a subjetividade e se tende a fazer prevalecer o valor da individualidade, é preciso voltar a insistir nas características do bem comum. Criamos, por isso, em Porto Alegre, uma Escola do Bem Comum. A Igreja elaborou, ao longo do último século, uma consistente doutrina social, cujo compêndio a Santa Sé lançou ao público recentemente. Os grandes escândalos e a corrupção, que invadem todos os ambientes da vida nacional, mostram que a distinção entre o público e o privado nem sempre está muito clara e muito menos aflora à consciência.
Quais são, pois, os valores fundamentais do bem comum?
Podemos sintetizá-los em três grandes categorias, que englobam segurança, alimento e religião, ou, na expressão do grande filósofo chinês Confúcio: exército, pão e fé. Desenvolvendo esses temas, percebemos que eles envolvem muitos elementos, destacando-se a educação, como fulcro para alavancar suas exigências e o trabalho como meio de consegui-los.
Já lancei uma cartilha sobre a segurança, para advertir que ela não tem uma única causa nem pode ser reduzida a um único fator. É reflexo da convivência humana. Consegue-se por meio de dispositivos jurídicos e sociais, da distribuição eqüitativa de bens e da fé comum. Mas a classe dos médicos julgou-se injustiçada ao se enquadrar o erro médico entre as causas da insegurança em nosso país e no mundo. Diante da inusitada reação, prometi lançar uma cartilha especificamente sobre a saúde. Trata-se de um dos campos em que o bem comum hoje é mais agredido e merece uma reflexão acurada, bem como exige um mutirão que envolve toda a sociedade. A bioética constitui, hoje, o brado mais expressivo que a dignidade humana eleva, reivindicando melhores cuidados e mais respeito pela vida. A técnica penetrou nos mais íntimos segredos da genética, sem conseguir dignificar a pessoa humana. Pelo contrário, tornou-se, em muitos casos, instrumento de interesses bem distantes da valorização da vida.
Eis por que se torna necessário lançar um grito de alerta. Estamos chegando ao fundo do poço. Precisamos urgentemente unir-nos, num grande mutirão, que envolva todas as forças vivas da sociedade, para superar esta grave crise de humanismo. É nesse sentido que lançamos nossas reflexões, que, esperamos, repercutam em todos os ambientes, para que todos tenham vida e a tenham em abundância!
(Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br/>. Acesso em: 30/10/05)

EVANGELHO: Domingo, dia 30 de Outubro de 2005.

Hoje a Igreja celebra : XXXI Domingo Comum (semana III do saltério), S. Geraldo de Potenza, bispo, séc. XII


Livro de Malaquias 1,14.2,2.8-10. Maldito seja o homem fraudulento, que tem no seu rebanho um macho prometido por voto e me sacrifica um animal defeituoso. Pois Eu sou um grande rei – diz o Senhor – e o meu nome é temível entre as nações.» Se não me ouvirdes, se não tomardes a peito dar glória ao meu nome – diz o Senhor do universo – lançarei contra vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos. E essa maldição já está cumprida, porque vós não tomais isto a peito. Mas vós desviastes-vos do caminho; fizestes tropeçar um grande número de pessoas com o ensino da Lei; destruístes a aliança de Levi – diz o Senhor do universo. Por isso, Eu tornei-vos desprezíveis e abjectos aos olhos de todo o povo, porque não guardastes os meus mandamentos e fizestes acepção de pessoas perante a lei.» «Porventura, não temos nós todos um único pai? Não foi o mesmo Deus que nos criou? Por que razão, pois, somos nós pérfidos uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?
Livro de Salmos 131,1-3. SENHOR, o meu coração não é orgulhoso, nem os meus olhos são altivos; não corro atrás de grandezas ou de coisas superiores a mim. Pelo contrário, estou sossegado e tranquilo, como criança saciada ao colo da mãe; a minha alma é como uma criança saciada! Israel, espera no Senhor, desde agora e para sempre!
1ª Carta aos Tessalonicenses 2,7-9.13.Quando nos poderíamos impor como apóstolos de Cristo, fomos, antes, afectuosos no meio de vós, como uma mãe que acalenta os seus filhos quando os alimenta. Tanta afeição sentíamos por vós, que desejávamos ardentemente partilhar convosco não só o Evangelho de Deus mas a própria vida, tão queridos nos éreis. Na verdade, irmãos, recordais-vos dos nossos esforços e das nossas canseiras: trabalhando noite e dia para não sermos um peso a nenhum de vós, anunciámo-vos o Evangelho de Deus. Por isso, damos continuamente graças a Deus, porque, tendo recebido a palavra de Deus, que nós vos anunciámos, vós a acolhestes não como palavra de homens, mas como ela é verdadeiramente, palavra de Deus, a qual também actua em vós que acreditais.
Evangelho segundo S. Mateus 23,1-12. Então, Jesus falou assim à multidão e aos seus discípulos: «Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. Tudo o que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. Gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados 'mestres’ pelos homens. Quanto a vós, não vos deixeis tratar por 'mestres’, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. E, na terra, a ninguém chameis 'Pai’, porque um só é o vosso 'Pai’: aquele que está no Céu. Nem permitais que vos tratem por 'doutores’, porque um só é o vosso 'Doutor’: Cristo. O maior de entre vós será o vosso servo. Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado. Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Pascácio Radbert (?-cerca 849), monge beneditino Comentário ao evangelho de Mateus

“Se eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo, 13,14)
“Quem se humilha será exaltado”. Não somente Cristo disse aos seus discípulos que não se deixassem chamar de mestres e não amassem os primeiros lugares nas refeições nem nenhuma outra honra, mas ele próprio deu, na sua pessoa, o exemplo e o modelo da humildade. Por isso lhe foi dado o nome de mestre, não por complacência mas por direito de natureza, porque “Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua subsistência” (Col 1,17), por assumir a condição carnal ele comunicou-nos um ensinamento que nos conduz a toda a verdadeira vida e, porque ele é maior do que nós “reconciliou-nos com Deus” (Rom 5,10). Como se nos dissesse: Não amai as honras, não desejai que vos chamem mestres, tal como “não sou eu que procuro a minha glória, há Quem a procure” (Jo 8,50). Mantende os vossos olhos fixos em mim, “porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela multidão” (Mt 20,28).Certamente, nesta passagem do evangelho, o Senhor instrui não apenas os seus discípulos, mas também os chefes das Igrejas, prescrevendo a todos que não se deixem arrastar pela avidez de procurar as honras. Pelo contrário, “ o que quer vir a ser grande” seja o primeiro a fazer-se como ele “o servidor de todos” (Mt 20,26-27).

29 outubro, 2005

EVANGELHO: Sabado, dia 29 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Narciso, bispo de Jerusalém, +212


Carta aos Romanos 11,1-2.11-12.25-29. Pergunto então: terá Deus rejeitado o seu povo? De maneira nenhuma! Pois também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão escolheu. Não sabeis, porventura, o que diz a Escritura na passagem onde Elias apresenta a Deus esta queixa contra Israel: Agora eu pergunto: terão eles tropeçado só para cair? De modo nenhum! Pelo contrário, foi devido à sua queda que a salvação chegou aos gentios, e isso aconteceu para que Israel sentisse ciúme deles. Ora, se a sua queda reverteu em riqueza para o mundo e a sua perda em riqueza para os gentios, quanto mais não será na plenitude da sua conversão! Eu não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que vos não julgueis sábios: deu-se o endurecimento de uma parte de Israel, até que a totalidade dos gentios tenha entrado. E é assim que todo o Israel será salvo, de acordo com o que está escrito: Virá de Sião o libertador, que afastará as impiedades do meio de Jacob. Esta é a aliança que Eu farei com eles, quando lhes tiver tirado os seus pecados. No que diz respeito ao Evangelho, eles são inimigos, para proveito vosso; mas em relação à eleição, são amados, devido aos seus antepassados. É que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.
Livro de Salmos 94,12-15.17-18. SENHOR, feliz o homem a quem tu corriges e instruis na tua lei! Esse terá descanso nos dias maus, enquanto se abre a cova para o ímpio. SENHOR não abandona o seu povo nem despreza a sua herança. De novo há-de voltar a haver justiça, e hão-de segui-la todos os de coração recto. Se o Senhor não fosse o meu auxílio, em breve eu estaria a morar com os mortos. Quando digo: «Os meus pés vacilam», logo a tua bondade, SENHOR, me ampara.
Evangelho segundo S. Lucas 14,1.7-11. Tendo entrado, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição, todos o observavam. Observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete, não ocupes o primeiro lugar; não suceda que tenha sido convidado alguém mais digno do que tu, venha o que vos convidou, a ti e ao outro, e te diga: 'Cede o teu lugar a este.' Ficarias envergonhado e passarias a ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, senta-te no último lugar; e assim, quando vier o que te convidou, há-de dizer-te: 'Amigo, vem mais para cima.' Então, isto será uma honra para ti, aos olhos de todos os que estiverem contigo à mesa. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Bruno de Segni (cerca 1045-1123), bispo Comentário ao evangelho de Lucas
“Quem se humilha será exaltado”
“Tu me preparas abundante mesa em frente de meus inimigos” (Sl 22,5)...Que mais podemos nós desejar? Porque havemos de escolher os primeiros lugares? Seja qual for o lugar que ocuparmos, teremos tudo em abundância e nada nos faltará. Mas tu que procuras ter o primeiro lugar, quem quer que sejas, vai-te sentar no último lugar. Não permitas que o teu saber te encha de orgulho; não te deixes exaltar pela celebridade. Mas quanto mais importante fores, mais necessário é humilhares-te em todas as coisas e “encontrarás graça junto de Deus” (Lc 1,30), de tal modo que no momento favorável ele te dirá: “Meu amigo, vem para um lugar superior” e “isso será para ti uma honra aos olhos de todos os que estão contigo à mesa”.Certamente, tanto quanto dependia dele, Moisés ocupava o último lugar. Assim que o Senhor o quis enviar aos filhos de Israel e o convidou a ter acesso a um estado mais elevado, ele respondeu-lhe: “Ah, Senhor! Eu não sou homem que facilmente use de palavra” (Ex 4,10) “dai essa missão a outro” (Ex 4,13). É como se ele tivesse dito: “Não sou digno de tão alto cargo”. Saul também se considerava como um homem de condição humilde, quando o Senhor fez dele um rei. E igualmente Jeremias, receando subir ao primeiro lugar, dizia: “Ó Senhor meu Deus, vede: não sei falar, não passo de uma criança”. É pois por humildade, e não por orgulho, pelas virtudes, não pelo dinheiro, que nós devemos procurar ocupar o primeiro lugar.

28 outubro, 2005

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 28 de Outubro de 2005.

Hoje a Igreja celebra : S. Simão e S. Judas Tadeu, apóstolos


Carta aos Efésios 2,19-22. Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É nele que toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo, no Senhor. É nele que também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus, pelo Espírito.
Livro de Salmos 19,2-5. Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia passa ao outro esta mensagem e uma noite dá conhecimento à outra noite. Não são palavras nem discursos cujo sentido se não perceba. seu eco ressoou por toda a terra, e a sua palavra, até aos confins do mundo. Deus fez, lá no alto, uma tenda para o Sol,
Evangelho segundo S. Lucas 6,12-16. Naqueles dias, Jesus foi para o monte fazer oração e passou a noite a orar a Deus. Quando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: Simão, a quem chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago, João, Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja Comentários sobre o evangelho de João
“Escolheu doze e deu-lhes o título de Apóstolos, de enviados”
Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu guias e mestres para o mundo inteiro, e “dispensadores dos mistérios divinos” (1 Co 4,1). Ordenou-lhes que brilhassem e iluminassem como archotes não só no país dos Judeus…, mas por toda a parte debaixo do sol, para os homens que habitem sobre toda a superfície da terra. É, portanto, verdadeira esta palavra de S. Paulo: “Ninguém atribui esta honra a si mesmo; recebemo-la por apelo de Deus” (He 5,4) …Se ele achava que devia enviar os seus discípulos como o Pai o tinha enviado a ele (Jo 20,21), era necessário que estes, chamados a ser seus seguidores, descobrissem a que tarefa tinha o Pai enviado o Filho. Por isso nos explicou de diversas maneiras o carácter da sua própria missão. Disse um dia: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que eles se convertam” (Lc 5,32). E também: “Eu desci do céu não para fazer a minha vontade mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38). E de outra vez: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para o julgar, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17).Resumia em algumas palavras a função dos apóstolos, dizendo que os tinha enviado como o Pai o tinha enviado a ele: saberiam assim que lhes competia chamar os pecadores a se converterem, cuidar dos doentes, corporal e espiritualmente; nas suas funções de dispensadores, não procurar de modo algum fazer a sua própria vontade mas a vontade daquele que os tinha enviado; a fim de salvarem o mundo na medida em que ele aceitar os ensinamentos do Senhor.

27 outubro, 2005

Prece à João Paulo II, Homenagem

Nós Vos louvamos, ó Pai, pela vida do Sumo Pontífice, o papa João Paulo II. E por sua determinação em servir a humanidade.
Prece a João de Deus
Tu, Karol Wojtyla, foste escolhido por Deus para guiar o Seu rebanho. Tu te tornaste mensageiro da paz e da concórdia, não somente religiosa, mas também social. Tu pregaste arduamente o Evangelho em prol da justiça e da irmandade entre os povos e as nações. Ao contemplar-te somos remetidos ao tempo do Bom Pastor: assim como Jesus de Nazaré, tu, Karol da Polônia, praticaste o que pregaste, foste coerente em teus pensamentos, ensinamentos e ações. Ao observar-te, querido Papa, lembramo-nos de quanto Jesus era só, embora rodeado por multidões. E era justamente a solidão do deserto interior que te unia fortemente ao Pai. O silêncio em teu coração te unia ao Criador numa prece contínua, fazendo com que a voz de Deus calasse forte em teu peito. Tão rodeado e tão só. Só com Deus, que era o teu TUDO! Essa união, João Paulo II, transbordava em teus olhos, que, sempre iluminados pela luz divina, irradiavam a força celeste que havia em teu coração, em tua alma, em teu corpo. Tanto amaste a Cristo, que te tornaste Seu reflexo. Com bravura enfrentaste a agonia, o calvário, a morte, a ida ao encontro do Pai. Resgataste com serenidade o valor da vida eterna, demonstraste que a morte faz parte da vida. E tua vida ficou marcada na Igreja e na História para sempre como João, João de Deus! Agora nós te suplicamos, roga por nós e por nossas famílias junto a Deus, assim como Jesus, os apóstolos, os mártires, os santos e santas da Igreja. Ainda precisamos de ti, tu que foste e sempre serás nosso pastor! Junto a Maria, olhai por nossas necessidades nesta vida, onde foste o peregrino da paz. Acalanta-nos em nossos sofrimentos, liberta-nos de nossas prisões, dá-nos forças nas doenças, coragem em nossos empreendimentos, serenidade para sermos promotores da paz. Amém!
Silvia Bruno Securato Coordenadora editorial
Abril de 2005

EVANGELHO: Quinta-feira, dia 27 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : São Gonçalo de Lagos, presbítero, +1422


Carta aos Romanos 8,31-39. Que mais havemos de dizer? Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós? Ele, que nem sequer poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não havia de nos oferecer tudo juntamente com Ele? Quem irá acusar os eleitos de Deus? Deus é quem nos justifica! Quem irá condená-los? Jesus Cristo, aquele que morreu, mais, que ressuscitou, que está à direita de Deus é quem intercede por nós. Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? De acordo com o que está escrito: Por causa de ti, estamos expostos à morte o dia inteiro, fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso.
Livro de Salmos 109,21-22.26-27.30-31. Mas Tu, SENHOR, meu Deus, por amor do teu nome, ajuda-me. Salva-me, pela tua bondade e misericórdia! Porque estou pobre e aflito, e tenho o coração angustiado dentro de mim. Socorre-me, SENHOR, meu Deus; salva-me, pela tua bondade. Para que saibam que és Tu o meu salvador, que foste Tu, SENHOR, que assim fizeste. Agradecerei bem alto ao SENHOR e louvá-lo-ei no meio da multidão. Porque Ele é o defensor do pobre; salva-o dos que o querem condenar.
Evangelho segundo S. Lucas 13,31-35. Naquela altura aproximaram-se dele alguns fariseus, que lhe disseram: «Vai-te embora, sai daqui, porque Herodes quer matar-te.» Respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Agora estou a expulsar demónios e a realizar curas, hoje e amanhã; ao terceiro dia, atinjo o meu termo. Mas hoje, amanhã e depois devo seguir o meu caminho, porque não se admite que um profeta morra fora de Jerusalém.» «Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes Eu quis juntar os teus filhos, como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste! Agora, ficará deserta a vossa casa. Eu vo-lo digo: Não me vereis até chegar o dia em que digais: Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : João Paulo II Carta Apostólica “Redemptionis anno”, Abril de 1984

“Jerusalém, … quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos”
Além de monumentos célebres e esplêndidos, Jerusalém encerra comunidades vivas de cristãos crentes, judeus e muçulmanos, cuja presença é um garante e uma fonte de esperança para as nações que, de todas as partes do mundo, olham para a Cidade santa como um património espiritual e um sinal de paz e de concórdia. Sim, enquanto pátria do coração de todos os descendentes de Abraão, que lhe tributam um profundo amor, e enquanto lugar onde se encontram, aos olhos da fé, a infinita transcendência de Deus e as coisas criadas, Jerusalém é um símbolo de encontro, de união e de paz para toda a família humana. A Cidade santa encerra, portanto, um firme apelo à paz para toda a humanidade, e especialmente para os adoradores do Deus único e grande, Pai misericordioso dos povos. Infelizmente, temos de afirmar que Jerusalém continua a se palco de contínuas rivalidades, de violência e reivindicações.Esta situação e estas reflexões trazem aos nossos lábios as palavras do profeta: “Por amor de Sião não Me hei-de calar, por causa de Jerusalém não terei repouso, enquanto a sua justiça não despontar como a aurora e a sua salvação não resplandecer com facho ardente” (Is 62, 1). Pensamos no dia e esperamo-lo com impaciência, em que todos serão verdadeiramente “ensinados por Deus” (Jo 6, 45) a fim de que escutemos a sua mensagem de reconciliação e de paz. Pensamos no dia em que judeus, cristãos e muçulmanos possam trocar entre eles, em Jerusalém, a saudação de paz que Jesus dirigiu aos seus discípulos depois de ressuscitar: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 19).

26 outubro, 2005

EVANGELHO: Quarta-feira, dia 26 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Santo Evaristo, papa, mártir, +107


Carta aos Romanos 8,26-30. É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos. Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados, de acordo com o seu desígnio. Porque àqueles que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que Ele é o primogénito de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; e àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou. Hino ao amor de Deus
Livro de Salmos 13,4-6. Olha para mim e responde-me, SENHOR, meu Deus. Ilumina os meus olhos para não adormecer na morte. Que o meu inimigo não diga: «Venci-o!», nem os meus adversários se alegrem com a minha queda. Eu, porém, confiei na tua misericórdia; o meu coração alegra-se com a tua salvação. Cantarei ao SENHOR pelo bem que Ele me fez.
Evangelho segundo S. Lucas 13,22-30. Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu-lhes: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, ficareis fora e batereis, dizendo: 'Abre-nos, Senhor!' Mas ele há-de responder-vos: 'Não sei de onde sois.' Começareis, então, a dizer: 'Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças.' Responder-vos-á: 'Repito vos que não sei de onde sois. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade.' Lá haverá pranto e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas no Reino de Deus, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul, sentar-se à mesa no Reino de Deus. E há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : São Leão Magno (? – c. 461), papa e doutor da Igreja 3ª Homilia para a Epifania

“Hão-de vir do Nascente e do Poente, do Norte e do Sul tomar lugar à mesa do Reino de Deus”
Nos últimos tempos (1 Pe 1, 20), Deus, na sua bondade misericordiosa, quis vir em socorro do mundo que perecia. Decidiu que a salvação de todas as nações se faria em Cristo… Foi por elas que Abraão recebeu outrora a promessa de uma descendência inumerável, gerada não pela carne, mas pela fé. É também comparada à multidão das estrelas do céu (Gn 15, 5), porque do pai de todas as nações é esperada uma posteridade não terrestre mas celeste…Portanto, que “a totalidade das nações entre” (Rm 11, 25), que todos os povos entrem na família dos patriarcas. Que os filhos da promessa recebam a bênção da raça de Abraão (Rm 9,8) … Que todas as nações da terra venham adorar o Criador do universo. Que Deus já não seja unicamente “conhecido na Judeia”, mas em todo o mundo, e que, em toda a parte, “o seu nome seja grande como em Israel” (Sl 75, 2) …Irmãos, instruídos nestes mistérios da graça divina, em espírito de alegria, celebremos o chamamento das nações. Demos graças ao Deus da misericórdia “que nos chama a tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu amado Filho” (Cl 1, 12-13). Como anuncia o profeta Isaías…: “Hão-de invocar-te nações que não te conheciam; povos que te ignoravam acorrerão a ti” (55, 5). Abraão viu esse dia e alegrou-se (Jo 8, 56), quando soube que os seus filhos segundo a fé seriam abençoados na sua descendência, isto é, em Cristo. Na fé, ele viu-se “pai de uma multidão de povos” e “deu glória a Deus, plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o que tinha prometido” (Rm 4, 18-21).

25 outubro, 2005

EVANGELHO: Terça-feira, dia 25 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Crispim e S. Crispiniano, mártires, séc. III, Beato Antônio de Sant'Ana Galvão, religioso brasileiro, +1822


Carta aos Romanos 8,18-25. Estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós. Pois até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus. De facto, a criação foi sujeita à destruição não voluntariamente, mas por disposição daquele que a sujeitou na esperança de que também ela será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus. Bem sabemos como toda a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente. Não só ela. Também nós, que possuímos as primícias do Espírito, nós próprios gememos no nosso íntimo, aguardando a adopção filial, a libertação do nosso corpo. De facto, foi na esperança que fomos salvos. Ora uma esperança naquilo que se vê não é esperança. Quem é que vai esperar aquilo que já está a ver? Mas, se é o que não vemos que esperamos, então é com paciência que o temos de aguardar.
Livro de Salmos 126,1-6. Quando o SENHOR mudou o destino de Sião, parecia-nos viver um sonho. nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções. Dizia-se, então, entre os pagãos: «O SENHOR fez por eles grandes coisas!» Sim, o SENHOR fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria. Transforma, SENHOR, o nosso destino, como as chuvas transformam o deserto do Négueb. Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria. ida vão a chorar, carregando e lançando as sementes; no regresso cantam de alegria, transportando os feixes de espigas.
Evangelho segundo S. Lucas 13,18-21. Disse, então: «A que é semelhante o Reino de Deus e a que posso compará-lo? É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e deitou no seu quintal. Cresceu, tornou-se uma árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos.» Disse ainda: «A que posso comparar o Reino de Deus? É semelhante ao fermento que certa mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar levedada toda a massa.»
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Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Simeão o Jovem Teólogo, (Cerca de 949-1022), monge ortodoxo Hino 17

O reino de Deus
Vou mostrar-te claramente que é aqui em baixo que tens de acolher o Reino dos céus, todo inteiro, se nele quiseres entrar também após a tua morte. Escuta Deus que te fala em parábolas: “A que compararei então o Reino dos céus? Ele assemelha-se, escuta bem, ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou no seu jardim; e ele germinou e, na verdade, tornou-se uma grande árvore”. Esse grão é o Reino dos céus, é a graça do Espírito divino, e o jardim é o coração de cada homem, o sítio onde quem o recebeu esconde o Espírito no fundo de si mesmo, nas pregas das suas entranhas, para que ninguém o possa ver. E guarda-o com todo o cuidado, para que germine, para que se torne uma árvore e se eleve para o céu.Se, então, disseres: “Não é aqui em baixo, mas só após a morte que acederão ao Reino todos os que o tiverem desejado com fervor”, estás a alterar o sentido das parábolas do Salvador nosso Deus. E, se não tomares o grão, esse grão de mostarda, como ele to disse, se não o lançares no teu jardim, ficarás totalmente estéril. Em que outro momento, se não for agora, receberás tu a semente? “Aqui em baixo, recebe o penhor, diz o Mestre; aqui em baixo, recebe o selo. Já aqui, ilumina a tua lâmpada. Se fores sensato, é aqui em baixo que me tornarei para ti a pérola (Mt 13,45), é aqui em baixo que serei o teu trigo, bem como o teu grão de mostarda. É aqui em baixo que serei fermento e farei levedar a massa. É aqui que serei para ti como água e me tornarei fogo abrasador. É aqui que me tornarei a tua veste e o teu alimento e toda a tua bebida, se o desejares”. Eis o que diz o Mestre: “Se assim, pois, já aqui em baixo, me reconheceres como tal, também no céu me possuirás inefavelmente e eu tornar-me-ei tudo para ti”.

22 outubro, 2005

EVANGELHO: Sabado, dia 22 de Outubro de 2005.

Hoje a Igreja celebra : São Martinho de Dume, bispo, +579


Carta aos Romanos 8,1-11.
Portanto, agora não há mais condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus. É que a lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte. De facto, Deus fez o que era impossível à Lei, por estar sujeita à fraqueza da carne: ao enviar o seu próprio Filho, em carne idêntica à do pecado e como sacrifício de expiação pelo pecado, condenou o pecado na carne, para que assim a justiça exigida pela Lei possa ser plenamente cumprida em nós, que já não procedemos de acordo com a carne, mas com o Espírito. Os que vivem de acordo com a carne aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito aspiram às coisas do Espírito. De facto, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito aspira ao que dá vida e paz. É que a carne aspira à inimizade com Deus, uma vez que não se submete à lei de Deus; aliás nem sequer é capaz disso. Os que vivem sob o domínio da carne são incapazes de agradar a Deus. Ora vós não estais sob o domínio da carne, mas sob o domínio do Espírito, pressupondo que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence. Se Cristo está em vós, o vosso corpo está morto por causa do pecado, mas o Espírito é a vossa vida por causa da justiça. E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós.
Livro de Salmos 24,1-6.
Ao SENHOR pertence a terra e o que nela existe, o mundo inteiro e os que nele habitam; pois Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre os abismos. Quem poderá subir à montanha do SENHOR e apresentar-se no seu santuário? que tem as mãos inocentes e o coração limpo, o que não ergue o espírito para as coisas vãs, nem jura pelo que é falso. Este há-de receber a bênção do SENHOR e a recompensa de Deus, seu salvador. Esta é a geração dos que o procuram, dos que buscam a face do Deus de Jacob.
Evangelho segundo S. Lucas 13,1-9.
Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. Respondeu-lhes: «Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.» Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: 'Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?' Mas ele respondeu: 'Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.'»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Leão Magno (? – cerca 461), papa e doutor da Igreja 20º sermão sobre a Paixão

“Se não vos converterdes”
Ao trabalho irmãos! Esforcemo-nos por nos associarmos à ressurreição de Cristo e passarmos da morte à vida enquanto estamos ainda neste corpo. Todos os que passam por uma conversão, seja ela de que natureza for, todos os que passam de um estado a outro, vivem um fim: eles não são mais aquilo que eram. E também vivem um princípio: tornam-se naquilo que não eram. Mas é importante saber para o que morrem e para o que vivem, porque não há senão uma morte que faz viver e uma vida que faz morrer.Algures, neste mundo efémero, ou se procura uma ou outra, de modo que é da qualidade das nossas acções aqui em baixo que dependerá a diferença das retribuições eternas. Morramos pois para o diabo e vivamos para Deus; morramos para o pecado e vivamos para a justiça; que desapareça o velho ser para que apareça o novo ser. Pois que, segundo a palavra da Verdade “Não se pode servir a dois senhores” (Mt 6,24), tomemos por mestre não aquele que faz desequilibrarem-se os que estão de pé para os levar à ruína, mas aquele que ergue os que estão caídos para os conduzir à glória.

21 outubro, 2005

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 21 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Santa Úrsula e companheiras, virgens, mártires, séc. IV


Carta aos Romanos 7,18-25.

Sim, eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita coisa boa; pois o querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não. É que não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico. Ora, se o que eu não quero é que faço, então já não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim. Deparo, pois, com esta lei: em mim, que quero fazer o bem, só o mal está ao meu alcance. Sim, eu sinto gosto pela lei de Deus, enquanto homem interior. Mas noto que há outra lei nos meus membros a lutar contra a lei da minha razão e a reter-me prisioneiro na lei do pecado que está nos meus membros. Que homem miserável sou eu! Quem me há-de libertar deste corpo que pertence à morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo, Senhor nosso! Concluindo: eu sou o mesmo que, com o espírito, sirvo a lei de Deus e, com a carne, a lei do pecado.

Livro de Salmos 119,66.68.76-77.93-94.

Dá-me sabedoria e conhecimento, pois confio nos teus mandamentos.
Tu és bom e generoso; ensina-me as tuas leis.
Que a tua bondade me sirva de conforto, conforme o que prometeste ao teu servo.
Mostra-me a tua misericórdia e viverei, porque a tua lei faz as minhas delícias.
Jamais esquecerei os teus preceitos, pois é por eles que me dás a vida.
Eu sou teu: salva-me, pois sempre tenho seguido os teus preceitos!


Evangelho segundo S. Lucas 12,54-59.

Dizia também às multidões: «Quando vedes uma nuvem levantar-se do poente, dizeis logo: 'Vem lá a chuva'; e assim sucede. E quando sopra o vento sul, dizeis: 'Vai haver muito calor'; e assim acontece. Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis reconhecer o tempo presente?» «Porque não julgais por vós mesmos, o que é justo? Por isso, quando fores com o teu adversário ao magistrado, procura resolver o assunto no caminho, não vá ele entregar-te ao juiz, o juiz entregar-te ao oficial de justiça e o oficial de justiça meter-te na prisão. Digo-te que não sairás de lá, antes de pagares até ao último centavo.»



20 outubro, 2005

EVANGELHO: Quinta-feira, dia 20 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Santa Iria, mártir, +653

Carta aos Romanos 6,19-23.
Estou a falar em termos humanos, devido à fraqueza da vossa carne. Do mesmo modo que entregastes os vossos membros, como escravos, à impureza e à desordem, para viverdes na desordem, entregai agora também os vossos membros como escravos à justiça, para viverdes em santidade. Quando éreis escravos do pecado, éreis livres no que toca à justiça. Afinal, que frutos produzíeis então? Coisas de que agora vos envergonhais, porque o resultado disso era a morte. Mas agora, que estais libertos do pecado e vos tornastes servos de Deus, produzis frutos que levam à santificação, e o resultado é a vida eterna. É que o salário do pecado é a morte; ao passo que o dom gratuito que vem de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, Senhor nosso.
Livro de Salmos 1,1-4.6.
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem toma parte na reunião dos libertinos; antes põe o seu enlevo na lei do SENHOR e nela medita dia e noite. como a árvore plantada à beira da água corrente: dá fruto na estação própria e a sua folhagem não murcha; em tudo o que faz é bem sucedido. Mas os ímpios não são assim! São como a palha que o vento leva. SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.
Evangelho segundo S. Lucas 12,49-53.
«Eu vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado! Tenho de receber um baptismo, e que angústias as minhas até que ele se realize! Julgais que Eu vim estabelecer a paz na Terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão. Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra dois e dois contra três; vão dividir-se: o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa Diário
«Lançar um fogo sobre a terra»: o dom do Espírito Santo (Act 2,3)
Ó Espírito de Deus, Espírito de Amor e de Misericórdia,Que derramas no meu coração o bálsamo da confiança,A tua graça confirma a minha alma no bem,Dando-lhe uma força invencível; a constância!Ó Espírito de Deus, Espírito de Paz e de Alegria,Que reconfortas meu coração sequioso,Derrama nele a fonte viva do amor divinoE torna-o intrépido na luta.Ó Espírito de Deus, o mais amável hóspede da minha alma,Desejo no mais íntimo ser-te fiel,Tanto nos dias de alegria como nas horas de sofrimento;Desejo, Espírito de Deus, viver sempre na tua presença.Ó Espírito de Deus, que inundas o meu serE me fazes conhecer a tua vida divina e trinitária,Tu me inicias em teu Ser divino;Unida assim a Ti, tenho a vida eterna.

19 outubro, 2005

EVANGELHO: Quarta-feira, dia 19 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Paulo da Cruz, presbítero, penitente, +1775


Carta aos Romanos 6,12-18.
Portanto, que o pecado não reine mais no vosso corpo mortal, de tal modo que obedeçais às suas paixões. Não entregueis os vossos membros, como armas da injustiça, ao serviço do pecado. Pelo contrário, entregai-vos a Deus, como vivos de entre os mortos, e entregai os vossos membros, como armas da justiça, ao serviço de Deus. Pois o pecado não terá mais domínio sobre vós, uma vez que não estais sob a Lei, mas sob a graça. Libertos do pecado Então? Vamos pecar, porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça? De modo nenhum! Não sabeis que, se vos entregais a alguém, obedecendo-lhe como escravos, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado que leva à morte, quer da obediência que leva à justiça? Demos graças a Deus: éreis escravos do pecado, mas obedecestes de coração ao ensino que vos foi transmitido como norma de vida. E libertos do pecado, tornastes-vos escravos da justiça.
Livro de Salmos 124,1-8.
Se o SENHOR não estivesse do nosso lado – que o diga Israel – se o Senhor não estivesse do nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, ter-nos-iam engolido vivos quando a sua fúria ardia contra nós. As águas ter-nos-iam submergido, a torrente teria passado sobre nós. Então, sim, teriam passado sobre nós as águas turbulentas! Bendito seja o SENHOR, que não nos entregou como presa nos seus dentes! nossa vida escapou como um pássaro do laço de caçadores; rompeu-se o laço e nós libertámo-nos. nosso auxílio está no nome do SENHOR, que fez o céu e a terra.
Evangelho segundo S. Lucas 12,39-48.
Ficai a sabê-lo bem: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não teria deixado arrombar a sua casa. Estai preparados, vós também, porque o Filho do Homem chegará na hora em que menos pensais.» Pedro disse-lhe: «Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos igualmente?» O Senhor respondeu: «Quem será, pois, o administrador fiel e prudente a quem o senhor pôs à frente do seu pessoal para lhe dar, a seu tempo, a ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, quando vier, encontrar procedendo assim. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas, se aquele administrador disser consigo mesmo: 'O meu senhor tarda em vir' e começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que ele menos espera e a uma hora que ele não sabe; então, pô-lo-á de parte, fazendo o partilhar da sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou e não agiu conforme os seus desejos, será castigado com muitos açoites. Aquele, porém, que, sem a conhecer, fez coisas dignas de açoites, apenas receberá alguns. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Bem-aventurado Gerrico d’Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 3º Sermão para o Advento

“Vós não estais nas trevas para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão” (1 Ts 5, 4)“
Prepara-te, Israel, para te encontrares com o teu Deus, porque Ele vai vir” (cf. Am 4, 12). E vós, também, irmãos, “estai preparados, porque à hora que menos pensais virá o Filho do Homem”. Nada mais certo do que a sua vinda, mas nada mais incerto do que o momento dessa vinda. De facto, pertence-nos tão pouco conhecer o tempo ou os momentos que o Pai, no seu poder, tem fixados, que nem sequer aos anjos que O rodeiam lhes é dado saber o dia ou a hora (Act 1, 7; Mt 24, 36).O nosso último dia virá também: é um facto muito certo. Mas quando, onde ecomo, isso é-nos muito incerto; sabemos unicamente, como já se disse antesde nós, que “para aos anciãos, ele já se encontra no limiar, enquanto paraos jovens está à espreita” (S. Bernardo) … Esse dia não deveria apanhar-nosde surpresa, não acautelados, como um ladrão durante a noite… Que o temor,permanecendo em vela, nos tenha sempre preparados, até que a segurança sesobreponha ao temor, e não o temor à segurança. “Estarei atento, diz oSábio, para não cometer pecado” (Sl 17, 24), já que não posso preservar-meda morte. Ele sabe, de facto, que “o justo, surpreendido pela morte,encontrará descanso” (Sb 4, 7; mais ainda, triunfam da morte os que nãoforam escravos do pecado durante a vida. Como é belo, meus irmãos, são sósentir-se em segurança perante a morte, mas também triunfar dela com glória,acompanhados do testemunho da própria consciência.

18 outubro, 2005

Meu dia começa...


"Ao orar, você pode desejar imaginar-se na presença de Cristo e ser surpreendido por um grande amor à sua humanidade sagrada. Você pode acostumar-se a estar em sua presença, a falar com ele, pedir-lhe aquilo de que você necessita, a apresentar-lhe suas queixas, a revelar-lhe suas provações, mas também, em suas alegrias, a exultar com ele. Assegure-se de que você jamais permitirá que a satisfação proveniente desses dons o leve a ser negligente com o Doador. Mas... pode ser que isso não venha a acontecer.
Não fique ansioso. Não lhe é necessário compor orações com palavras bonitas. Esse é um modo excelente de progredir na vida esopiritual e de progredir rapidamente. No entanto não passe todo o seu tempo invocando a presença de Deus. Não há nada de errado com esse método de oração, mas, por mais agradável que ele seja, ofereça à sua alma um domingo casual - um dia de descanso do labor. Mantenha-se na presença de Deus, deixe que sua imaginação trabalhe por você, mas não fatigue sua mente nem se esgote elaborando discursos. Simplesmente exponha suas necessidades e reconheça que você não tem nenhum direito de estar sempre consciente da presença de Deus. Procure cumpri-los. Caso contrário sua alma ficará exausta". (Nada Te perturbe - 30 dias com um grande mestre espiritual. Teresa d'Ávila)

Sobre o Evangelho Diário...


Queridos internautas leitores de nosso Blog / Site, A PAZ!!!!!!!

Estamos passando por uma dificuldade. Nosso Fornecedor do “Avangelho Diário” (trata-se de um sítio português) está com problemas em seu provedor. Sendo assim teremos certa dificuldade de oferecer a vós esse serviço divino com a constância habitual...
Assim que tudo se normalizar voltaremos a “postar” as santas leituras e comentários dos grandes Santos Padres.

Ars Dei

15 outubro, 2005

EVANGELHO: Sabado, dia 15 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Santa Teresa de Ávila, virgem, doutora da Igreja, +1582

Carta aos Romanos 4,13.16-18.

Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança. Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós, conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.

Livro de Salmos 105,6-9.42-43.

vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu escolhido. Ele é o SENHOR, nosso Deus, e governa sobre a terra! Ele recordará sempre a sua aliança, a promessa que jurou manter por mil gerações, pacto que fez com Abraão e aquele juramento que fez a Isaac. Deus lembrou-se da sua palavra sagrada, que tinha dado a Abraão, seu servo, fez sair o seu povo com alegria e os seus eleitos com gritos de júbilo. Evangelho segundo

S. Lucas 12,8-12.

Digo-vos ainda: Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará. Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, pois o Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por : Actas do martírio de S. Justino e companheiros (ano de 163)

« O Espírito Santo vos ensinará nessa hora o que haveis de dizer”
Prenderam os santos todos juntos e conduziram-nos ao prefeito de Roma, Rusticus. Quando compareceram diante do tribunal, o prefeito Rusticus disse a Justino...:
- A que ciência te consagras?
- Tenho estudado sucessivamente todas as ciências. Acabei por me dedicar à doutrina verdadeira dos cristãos...
- Que doutrina é essa?
- Nós adoramos o Deus dos cristãos; esse Deus, nós acreditamos que é único, que desde a origem é o criador de todo o universo, das coisas visíveis e das invisíveis. Acreditamos que Jesus Cristo, o servo de Deus, é o Senhor, anunciado pelos profetas como o que havia de proteger a raça humana, mensageiro da salvação e senhor de toda a sabedoria. Eu, que sou apenas um homem, sou demasiado pequeno para falar dignamente da sua divindade infinita; reconheço que é precisa uma capacidade de profeta... Ora os profetas eram inspirados pelo céu, quando anunciaram a sua vinda ao mundo.
O prefeito Rusticus perguntou:
- Onde vos reunis?... Onde reúnes os teus discípulos?
- Eu moro por cima de um tal Martinho, junto dos banhos de Timóteo. A todos os que quiseram ir lá ter comigo, comuniquei-lhes a doutrina da verdade.
- Então tu es cristão?
- Sim, sou cristão.O prefeito Rusticus disse a Chariton:
- E tu, Chariton, também es cristão?
- Sou cristão pela vontade de Deus- E tu, que és tu, Evelpisto?
- Também eu sou cristão. Era escravo mas fui libertado por Cristo e partilho a mesma esperança, pela graça de Cristo.
- Foi Justino que te fez cristão?
- Fui sempre cristão e sê-lo-ei sempre... Sem dúvida que ouvia com prazer as lições de Justino; mas devo aos meus pais o ser cristão...Peon levantou-se e disse espontaneamente:- Eu também sou cristão.
O prefeito disse a Lliberiano:
- E tu, que tens tu a dizer? És cristão’ És também um ímpio?
- Também sou cristão. Mas não sou um ímpio porque adoro o único verdadeiro Deus.
O prefeito voltou a Justino:
- Escuta-me, tu que dizer seres eloquente e julgas possuir a doutrina verdadeira. Se fores chicoteado, e depois decapitado, estás convencido que, depois, subirás ao céu? Imagina que lá receberás a tua recompensa?
- Espero ter lá a minha morada se suportar tudo isso. E sei que a recompensa divina está reservada, até à consumação de todo o universo, a todos os que viverem desta forma... Não imagino, estou convencido, tenho disso a certeza.

14 outubro, 2005

EVANGELHO: Sexta-feira, dia 14 de Outubro de 2005.

Hoje a Igreja celebra : São Calisto I, papa, mártir, +222, S. João Ogilvie, presbítero, mártir, +1615

Carta aos Romanos 4,1-8.
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Que havemos de dizer de Abraão, nosso antepassado segundo a carne? Que obteve ele afinal? É que, se Abraão foi justificado por causa das obras, tem um motivo para se poder gloriar, mas não diante de Deus. Que diz, de facto, a Escritura? Que Abraão acreditou em Deus e isso foi-lhe atribuído à conta de justiça. Ora bem, àquele que realiza obras, o salário não lhe é atribuído como oferta, mas como dívida. Aquele, porém, que não realiza qualquer obra, mas acredita naquele que justifica o ímpio, a esse a sua fé é-lhe atribuída como justiça. Aliás é assim que David celebra a felicidade do homem a quem Deus atribui a justiça independentemente das obras: Felizes aqueles a quem foram perdoados os delitos e a quem foram cobertos os pecados! Feliz o homem a quem o Senhor não tem em conta o pecado!
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Livro de Salmos 32,1-2.5.11.
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Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado. Feliz o homem a quem o SENHOR não acusa de iniquidade e em cujo espírito não há engano. Confessei-te o meu pecado e não escondi a minha culpa; disse: «Confessarei ao SENHOR a minha falta»; e Tu me perdoaste a culpa do pecado. Alegrai-vos, justos, e regozijai-vos no SENHOR; exultai todos vós, que sois rectos de coração!
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Evangelho segundo S. Lucas 12,1-7.
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Entretanto, a multidão tinha-se reunido; eram milhares, a ponto de se pisarem uns aos outros. Jesus começou a dizer primeiramente aos seus discípulos: «Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem oculto que não venha a conhecer-se. Porque tudo quanto tiverdes dito nas trevas há-de ouvir-se em plena luz, e o que tiverdes dito ao ouvido, em lugares retirados, será proclamado sobre os terraços. Digo-vos a vós, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e, depois, nada mais podem fazer. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar na Geena. Sim, Eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer. Não se vendem cinco pássaros por duas pequeninas moedas? Contudo, nenhum deles passa despercebido diante de Deus. Mais ainda, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. Não temais: valeis mais do que muitos pássaros.
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Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santa Catarina de Sena, (1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, co-patrona da Europa O diálogo

«Até os vossos cabelos estão contados»
Deus dizia-me: “Ninguém pode escapar das minhas mãos. Porque eu sou O que sou (Ex 3,14) e vós não sois por vós mesmos; vós existis apenas porque fostes feitos por mim. Eu sou o criador de todas as coisas que participam do ser, mas não do pecado, que não é e que, portanto, não foi criado por mim. E, porque não está em mim, não é digno de ser amado. A criatura só me ofende na medida em que ama o que não devia amar, isto é, o pecado… É impossível aos homens sair de mim; ou permanecem em mim sob o jugo da justiça que sanciona as suas faltas, ou permanecem em mim guardados pela minha misericórdia. Abre bem os olhos da tua inteligência e olha para a minha mão; verás que o que te digo é verdade.”Então, abrindo os olhos do espírito para obedecer ao Pai que é tão grande, vi o universo inteiro fechado naquela mão divina. E Deus dizia-me: “Minha filha, vê agora e compreende que ninguém me pode escapar. Todos aqui estão presos ou pela justiça ou pela misericórdia, porque são meus, criados por mim e eu amo-os infinitamente. Seja qual for a sua malícia, far-lhes-ei misericórdia por causa dos meus servos; atenderei o pedido que me apresentaste com tanto amor e tanta dor.” Então a minha alma, como que embriagada e fora de si mesma, no ardor cada vez maior do seu desejo, sentia-se ao mesmo tempo feliz e dorida. Feliz pela união que tinha tido com Deus, saboreando a sua alegria e a sua bondade. Dorida por ver ofendida uma tão grande bondade.

13 outubro, 2005

EVANGELHO: Quinta-feira, dia 13 de Outubro de 2005.



Hoje a Igreja celebra : S. Eduardo III, rei de Inglaterra, +1066, Beata Alexandrina Costa, virgem, +1955


Carta aos Romanos 3,21-29.
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Mas agora foi sem a Lei que se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e pelos Profetas: a justiça que vem para todos os crentes, mediante a fé em Jesus Cristo. É que não há diferença alguma: todos pecaram e estão privados da glória de Deus. Sem o merecerem, são justificados pela sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus. Deus ofereceu-o para, nele, pelo seu sangue, se realizar a expiação que actua mediante a fé; foi assim que ele mostrou a sua justiça, ao perdoar os pecados cometidos outrora, no tempo da divina paciência. Deus mostra assim a sua justiça no tempo presente, porque Ele é justo e justifica quem tem fé em Jesus. Onde está, pois, o motivo para alguém se gloriar? Foi excluído! Por qual lei? Pela das obras? De modo nenhum! Mas pela lei da fé. Pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem é justificado, independentemente das obras da lei. Será Deus apenas Deus dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, Ele é também Deus dos gentios,
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Livro de Salmos 130,1-6.
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Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR! Senhor, ouve a minha prece! Estejam teus ouvidos atentos à voz da minha súplica! Se tiveres em conta os nossos pecados, Senhor, quem poderá resistir? Mas em ti encontramos o perdão; por isso te fazes respeitar. Eu espero no SENHOR! Sim, espero! A minha alma confia na sua palavra. minha alma volta-se para o Senhor, mais do que a sentinela para a aurora. Mais do que a sentinela espera pela aurora,
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Evangelho segundo S. Lucas 11,47-54.
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Ai de vós, que edificais os túmulos dos profetas, quando os vossos pais é que os mataram! Assim, dais testemunho e aprovação aos actos dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós edificais-lhes sepulcros. Por isso mesmo é que a Sabedoria de Deus disse: 'Hei-de enviar-lhes profetas e apóstolos, a alguns dos quais darão a morte e a outros perseguirão, a fim de que se peça contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário.' Sim, Eu vo-lo digo, serão pedidas contas a esta geração. Ai de vós, doutores da Lei, porque vos apoderastes da chave da ciência: vós próprios não entrastes e impedistes a entrada àqueles que queriam entrar!» Quando saiu dali, os doutores da Lei e os fariseus começaram a pressioná-lo fortemente com perguntas e a fazê-lo falar sobre muitos assuntos, armando-lhe ciladas e procurando apanhar-lhe alguma palavra para o acusarem.
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Comentário ao Evangelho do dia feito por : S. Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja 3º discurso teológico
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«Começaram a detestá-lo terrivelmente e a invectivá-lo»
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Aquele que agora desprezas, houve um tempo em que estava acima de ti; aquele que agora é homem era eternamente perfeito. Ele estava no princípio, não criado ; depois, submeteu-se às contingências deste mundo… Foi para te salvar, a ti que o insultas, a ti que desprezas Deus só porque tomou a tua natureza grosseira…Foi envolvido em panos mas, ao levantar-se do túmulo, libertou-se da sua mortalha. Deitaram-no numa manjedoura, mas foi glorificado pelos anjos, anunciado por uma estrela, adorado pelos Magos... Teve de fugir para o Egipto, mas libertou este país das superstições dos egípcios. Não tinha “nem forma nem beleza” (Is 53,2) diante dos seus inimigos, mas para David ele era “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44,3) e resplandeceu sobre a montanha, mais deslumbrante do que o sol (Mt 17,1sg). Como homem foi baptizado; mas, como Deus, apagou os nossos pecados; não precisava de ser purificado mas queria santificar as águas. Como homem foi tentado; mas, como Deus, triunfou, ele que “venceu o mundo” (Jo 16,8)... Teve fome, mas alimentou milhares, ele que é “o pão vivo descido do céu” (Jo 6,48). Teve sede, mas exclamou: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7,37)... Conheceu a fadiga, mas é o repouso de todos os que “sofrem e se abatem debaixo do fardo” (Mt 11,28)... Deixou que lhe chamassem “Samaritano e possesso do demónio” (Jo 8,48); mas é ele quem salva o homem que caiu nas mãos dos salteadores (Lc 10,29sg) e afugenta os demónios... Ora mas é ele mesmo quem escuta as orações... Chora, mas é ele mesmo que faz cessar as lágrimas. É vendido por preço vil; mas é ele quem resgata o mundo e por um grande preço: pelo seu próprio sangue.Como uma ovelha, conduzem-no à morte, mas é ele quem conduz Israel às verdadeiras pastagens (Ez 34,14), tal como hoje o faz com a terra inteira. Como um cordeiro, ele cala-se; mas ele é a Palavra anunciada pela voz daquele que clama no deserto (Mc 1,3). Foi enfermo e ferido; mas é ele que cura toda a doença e toda a enfermidade (Mt 9,35). Foi elevado sobre o madeiro e nele foi pregado; mas é ele quem nos restaura pela árvore da vida... Morre, mas faz viver e destrói a morte. Foi sepultado, mas ressuscita e, subindo ao céu, liberta as almas dos infernos.

12 outubro, 2005

EVANGELHO: Quarta-feira, dia 12 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil
Carta aos Romanos 2,1-11.
Por isso, não tens desculpa tu, ó homem, quem quer que sejas, que te armas em juiz. É que, ao julgares o outro, a ti próprio te condenas, por praticares as mesmas coisas, tu que te armas em juiz. Ora nós sabemos que o julgamento de Deus se guia pela verdade contra aqueles que praticam tais acções. Cuidas, então tu, ó homem que julgas os que praticam tais acções e fazes o mesmo que escaparás ao julgamento de Deus? Ou não estarás tu a desprezar as riquezas da sua bondade, paciência e generosidade, ao ignorares que a bondade de Deus te convida à conversão? Afinal, com a tua dureza e o teu coração impenitente, estás a acumular ira sobre ti, para o dia da ira e do justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um conforme as suas obras: para aqueles que, ao perseverarem na prática do bem, procuram a glória, a honra e a incorruptibilidade, será a vida eterna; para aqueles que, por rebeldia, são indóceis à verdade e dóceis à injustiça, será ira e indignação. Tribulação e angústia para todo o ser humano que pratica o mal, primeiro judeu e depois grego! Glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem, primeiro para o judeu e depois para o grego! É que em Deus não existe acepção de pessoas. A Lei não garante a salvação
Livro de Salmos 62,2-3.6-7.9.
Só em Deus descansa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação, a minha fortaleza: jamais serei abalado. Só em Deus descansa a minha alma, dele vem a minha esperança. Só Ele é o meu refúgio e salvação, a minha fortaleza; jamais serei abalado. Confiai nele, ó povos, em todo o tempo, desafogai nele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio.
Evangelho segundo S. Lucas 11,42-46.
Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as plantas e descurais a justiça e o amor de Deus! Estas eram as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas sinagogas e de ser cumprimentados nas praças! Ai de vós, porque sois como os túmulos, que não se vêem e sobre os quais as pessoas passam sem se aperceberem!» Um doutor da Lei tomou a palavra e disse-lhe: «Mestre, falando assim, também nos insultas a nós.» Mas Ele respondeu: «Ai de vós, também, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos insuportáveis e nem sequer com um dedo tocais nesses fardos!
Comentário ao Evangelho do dia feito por : São [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho Buona giornata

«Ai de vós, fariseus, porque preferis os primeiros lugares e amais as saudações nas praças públicas»
A verdadeira humildade de coração é mais sentida e vivida do que exteriorizada. É certo que nos devemos mostrar sempre humildes em presença de Deus, mas não com aquela falsa humildade que só leva ao desencorajamento, à depressão e ao desespero. Temos de ter uma má ideia de nós mesmos, não fazer passar os nossos interesses antes dos dos outros e considerar-nos inferiores ao nosso próximo.Se precisamos de paciência para suportar as misérias dos outros, precisamos mais ainda para aprendermos a suportar-nos a nós mesmos. Perante as tuas infidelidades quotidianas, pratica sem cessar actos de humildade. Quando o Senhor te vir assim arrependido, estenderá a sua mão para ti e atrair-te-á a ele. Neste mundo, ninguém merece nada ; é o Senhor que nos concede tudo, por pura benevolência e porque, na sua infinita bondade, tudo nos perdoa.

11 outubro, 2005

As Metáforas de Teresa de Jesus


O ensinamento espiritual de Teresa estava baseado, de fato, em duas estimulantes e abrangentes metáforas para a vida de oração.
A primeira delas representa a imagem das várias fontes de água necessárias para irrigar um jardim. Teresa compara os estágios iniciais da oração (nossos primeiros esforços para nos livrarmos do pecado e começarmos a meditar) com o grande esforço exigido para carregar nos ombros, desde um poço distante, um balde d’água.
À medida que nossa vida de oração amadurece, entramos numa fase que ela chama de oração de quietude, um estágio agraciado de oração no qual experimentamos Deus como agente, enquanto nós ficamos mais passivos. Não nos esforçamos mais para carregar a água; é como se uma bomba a transportasse para nós.
No estágio seguinte, um período de aridez, descobrimos que não precisamos puxar água de longe, mas que existe um rio misterioso, o tempo todo presente, de cujas águas podemos nos utilizar para irrigar nosso jardim. E nesse estágio final de crescimento experimentamos a graça de Deus sendo derramada sobre nós, unindo-nos com a sua própria vida divina. É como se sobre nós caísse uma chuva abundante.
A segunda metáfora de Teresa vislumbra nossa alma como um castelo interior, no centro do qual habita a Santíssima Trindade. O crescimento na oração capacita-nos a entrar numa intimidade ainda mais profunda com Deus, traduzida por uma jornada progressiva pelos aposentos do castelo, desde as partes mais afastadas até o centro luminoso. Quando tivermos alcançado a união com Deus no grau mais pleno possível para nós nesta vida, teremos chegado ao centro de nós mesmos. Citando uma passagem de Castelo Interior ou Moradas, as “Sétimas Moradas”, capítulo 3:

A diferença que há aqui nesta morada é, pois, esta: quase nunca há
securas nem perturbações interiores como havia, de tempos em tempos,
em todas as outras. A alma está em quietação quase contínua. (p. 214).

Ambas as metáforas nos apanham com facilidade no início de nossa busca de união com Deus. Nenhuma delas interrompe a mais perfeita união possível nesta vida: a união com a divindade.
Sigamos o conselho de Teresa: Aconteça o que acontecer, não deixe de orar.
A oração é a base do amor a Deus – oração quando algo parece impossível; oração quando outros fazem de tudo para dissuadi-lo e abalar sua confiança; oração quando você não tem certeza se está sendo conduzido por Deus ou pelo mal; oração para agradecer e louvar. Enfim, orar sempre, pois
Amar é Rezar
Ama teu Deus pela oração!
Ele espera ansioso por isso...
Não é preciso dizer palavras bonitas ou frases de efeito.
Um “Obrigado, Senhor”, tão simples e direto,
Tem caminho aberto ao Coração Misericordioso.
O Bom Pai aguarda tua prece, pois quer que partilhes de Sua Fonte Inesgotável de Graças.
Como podes deixar de contar a Ele como te sentes?
Como não compartilhar tudo com teu melhor amigo?
Abre teu coração e tudo será curado.
Pede que Ele te diga apenas uma palavra e serás salvo.
Suplica que Ele te escute e tuas dores serão dissipadas
E Ele secará as lágrimas de teu desespero.
Não esqueças jamais que Ele te ama e é preciso que retribuas esse amor.
Reza e estarás amando.
Ars Júlia

EVANGELHO: Terça-feira, dia 11 de Outubro de 2005.


Hoje a Igreja celebra : S. Maria Soledade Torres, virgem, fundadora, +1887, Beato João XXIII, papa, +1964


Carta aos Romanos 1,16-25.
Eu não me envergonho do Evangelho, pois ele é poder de Deus para a salvação de todo o crente, primeiro o judeu e depois o grego. Pois nele a justiça de Deus revela-se através da fé, para a fé, conforme está escrito: O justo viverá da fé. De facto, a ira de Deus, vinda do céu, revela-se contra toda a impiedade e injustiça dos homens que, com a injustiça, reprimem a verdade. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer está à vista deles, já que Deus lho manifestou. Com efeito, o que é invisível nele o seu eterno poder e divindade tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras. Por isso, não se podem desculpar. Pois, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram nem lhe deram graças, como a Deus é devido. Pelo contrário: tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato. Afirmando-se como sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus incorruptível por figuras representativas do homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de répteis. Por isso é que Deus, de acordo com os apetites dos seus corações, os entregou à impureza, de tal modo que os seus próprios corpos se degradaram. Foram esses que trocaram a verdade de Deus pela mentira, e que veneraram as criaturas e lhes prestaram culto, em vez de o fazerem ao Criador, que é bendito pelos séculos! Ámen.
Livro de Salmos 19,2-5.
Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia passa ao outro esta mensagem e uma noite dá conhecimento à outra noite. Não são palavras nem discursos cujo sentido se não perceba. seu eco ressoou por toda a terra, e a sua palavra, até aos confins do mundo. Deus fez, lá no alto, uma tenda para o Sol,
Evangelho segundo S. Lucas 11,37-41.
Mal Jesus tinha acabado de falar, um fariseu convidou-o para almoçar na sua casa; Ele entrou e pôs-se à mesa. O fariseu admirou-se de que Ele não se tivesse lavado antes da refeição. O Senhor disse-lhe: «Vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que possuís, e para vós tudo ficará limpo.
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Balduíno de Ford (?- c. 1190), abade cisterciense Homilia 6, sobre a Carta aos Hebreus

“Limpais o exterior. Aquele que fez o exterior não fez também o interior?”
O Senhor conhece os pensamentos e as intenções do nosso coração. Ninguém duvida que Ele, de facto, os conhece. Mas nós só conhecemos unicamente aqueles que ele nos torna manifestos pela graça do discernimento. Porque o espírito do homem nem sempre sabe o que há nele. E mesmo quando se trata dos seus próprios pensamentos, sejam eles queridos ou não, tem deles uma ideia que nem sempre corresponde à realidade. Mesmo os que se apresentam com evidência aos olhos do espírito, ele não os discerne com precisão, tão obscurecido está o seu olhar.Com efeito, acontece frequentemente, por qualquer razão humana ou procedente do Tentador, que alguém se deixe levar pelo seu próprio pensamento para aquilo que é só aparência de piedade e que, aos olhos de Deus, não merece de maneira nenhuma a recompensa prometida à virtude. É que, de facto, algumas coisas podem apresentar o aspecto de verdadeiras virtudes, como também de vícios, e enganarem os olhos do coração. Pelas suas seduções, podem perturbar a visão da nossa inteligência ao ponto de muitas vezes lhe fazer tomar por um bem realidades que realmente são más, e inversamente, levá-la a ver um mal onde, na verdade, não existe. É este um aspecto da nossa miséria e da nossa ignorância, que precisamos muito de deplorar e grandemente temer.Quem pode verificar se os espíritos procedem de Deus a não ser que tenha recebido de Deus o discernimento dos espíritos? Este discernimento é a fonte de todas as virtudes.

09 outubro, 2005

O AMOR PRÓPRIO VOZ DO PASTOR, DOM DADEUS GRINGS

Deus, ao criar o universo, deixou as marcas de seu amor em todas as coisas. Por isso todas elas são boas. Sua bondade vem de Deus. São criaturas suas. Referem-se a Ele. Mas além desta referência à razão de ser, todas as criaturas têm também um relacionamento entre si. Já os antigos viam no universo uma harmonia estupenda. Os gregos o chamavam de kosmos e os latinos de mundus. Fala-se de uma sinfonia do universo. Cada ser tem seu sentido de posição que ocupa no universo, conseqüentemente, pela ação que lhe cabe exercer. Podemos entender o amor pelo símbolo da atuação recíproca entre os corpos. O Sol atrai a Terra, mas não a absorve. Deixa-a na exata posição, onde ela possa existir e ter seu espaço próprio: não a solta para não se chocar contra qualquer astro e congelar, por falta de calor e de luz. Nem a absorve, puxando-a para dentro de seu fogo abrasador.
O universo, porém, careceria de sentido se não houvesse quem o pudesse conhecer e apreciar. Por isso, o ser humano é sua coroa, porque lhe dá sentido: pode referi-lo ao Criador e usufruir dele, como dom excelente, que lhe foi proporcionado. Este ser é, pois, fim em si mesmo. Vive e se relaciona conscientemente consigo, com o mundo, com os outros e com Deus. Isto significa que ele é pessoa. Por isso, sua existência é-lhe garantida para sempre. Mas o ser humano faz parte de uma espécie de seres que têm a mesma natureza e são todos pessoas. Como espécie não é apenas indivíduo. Necessita dos outros para nascer e se desenvolver. Descobre assim que ele é essencialmente social. É feito para amar e ser amado.
Parece um paradoxo: o ser humano é pessoa e, por isso, fim em si mesmo, mas também essencialmente social: foi criado para conviver. Ou inversamente, o ser humano é essencialmente social, isto é, feito para conviver, mas é também pessoa. Isto só se entende pela realidade do amor. Quem ama, deve necessariamente amar alguém: relacionar-se conscientemente com os outros: em primeiro lugar com Deus e, depois, com todos os que Deus colocou no seu caminho. Cabe-lhe acolhê-los. Não só interiorizá-los pelo conhecimento, mas ir a eles com o amor, querendo-lhes o bem que eles mesmos são e têm, na exata medida deles. Isto é amor autêntico. Mas é preciso registrar mais um amor que, por uma série de equívocos, nem sempre é devidamente valorizado: o amor próprio. É óbvio que o amor próprio deve ser verdadeiro. Isto significa que deve corresponder ao bem que existe em nós. Pode também ser falso. E o é toda vez que o amor próprio não corresponde ao valor que alguém possui: ou por excesso, ou por defeito. Quando este amor procura excluir os demais amores e fechar-se sobre si mesmo chama-se egoísmo e individualismo.
Iniciamos esclarecendo a natureza do amor próprio: o ser humano não apenas existe, ou, como dizem os filósofos existencialistas: não mais está aí. Ele tem consciência de si. Diz 'eu' e, conseqüentemente, pode dizer também 'meu'. Mas sua consciência não é como a de Deus: não coincide plenamente consigo mesmo. Conhece-se apenas em parte e só em parte tem consciência de si e, conseqüentemente, não se ama exatamente naquilo que é. Ama-se apenas na proporção da consciência que tem de si. Vem então o imperativo socrático: 'Conhece-te a ti mesmo'. A ele segue outro, que é o mandamento de Cristo: 'Ama-te a ti mesmo como eu te amo'. São Leão Magno, Papa, exortava: 'Cristão, reconhece a tua dignidade'. É preciso deixar-se amar e, por isso, amar-se devidamente.
Hoje se insiste, em termos de educação, na necessidade de desenvolver a auto-estima. Acolher-se das mãos de Deus Criador, de Cristo Redentor e do Espírito Santificador. Somos obra sua. Reconhecer este dom. É preciso aprofundar o sentido do amor e assim entender que devemos e podemos amar o próximo como a nós mesmos. O problema é que nós não nos amamos suficientemente, isto é, não nos amamos de modo objetivo, dentro do universo em que vivemos. Parece incrível que, no ano 2000, só para citar um exemplo, tenham morrido mais de 300 mil pessoas em guerra, mais de 500 mil em outros atos de violência, praticados por terceiros, e mais de 800 mil por suicídio. Estamos ainda longe da meta de ter o céu aqui na terra, onde reine só o amor. Mas a primeira renovação, que precisamos promover, é uma auto-estima mais condizente para que, como conseqüência do amor próprio, seja possível amar o próximo como a si mesmo.
Capital homenageia dom Dadeus - O arcebispo dom Dadeus Grings será homenageado no dia 13 de outubro, às 19h, com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. A concessão foi proposta pelo vereador Ervino Besson. A entrega será no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal, na avenida Loureiro da Silva, 255. Dom Dadeus nasceu em 7 de setembro de 1936, em Nova Petrópolis/RS. Seu lema de vida é 'A verdade vos libertará' (Jo 8,32). Foi eleito para a Comissão de Doutrina, na 33ª Assembléia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1995. Reeleito, em 1999, com o maior número de votos. Em 2000, dom Dadeus foi nomeado, por João Paulo II, arcebispo coadjuntor de Porto Alegre. Desde 2001 é presidente do Regional Sul 3 da CNBB.
Festa da Padroeira do Brasil - A Paróquia do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Ipanema, está promovendo a 69ª Festa em honra de sua padroeira, e Padroeira do Brasil. Até dia 11 acontece a novena com missa todas as noites, às 19h, abordando o tema 'A Igreja vive da Eucaristia'. No dia 12, após a procissão a pé, das 9h30min, serão rezadas missas de hora em hora. Depois da missa das 18h30min, haverá procissão luminosa, encerrando as festividades com fogos de artifício.
1ª Romaria da Paz - Bem aventurados os que promovem a paz é o lema da 1ª Romaria da Paz organizada pela Área Pastoral de Cachoeirinha do Vicariato de Gravataí. A caminhada ocorre dia 12. As procissões saem das Paróquias da Área e o local do encontro é no Parcão da Parada 57, às 16h, onde haverá missa presidida por dom Dadeus Grings e dom Jacinto Flach, com animação do Grupo Paz e Mel. Espera-se 10 mil romeiros.

EVANGELHO: Domingo, dia 09 de Outubro de 2005.


No monte Sião, o SENHOR do universo prepara para todos os povos um banquete de carnes gordas,acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e saborosas, vinhos velhos e bem tratados. Neste monte, Ele arrancará o véu de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações. Aniquilará a morte para sempre. O Senhor DEUS enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará o opróbrio que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação. Foi o SENHOR quem o proclamou. Dir-se-á naquele dia: «Este é o nosso Deus, nele confiámos e Ele nos salva. Este é o SENHOR em quem confiámos. Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua salvação. A mão do SENHOR repousará sobre este monte.» Moab, porém, a rebelde, será pisada no seu próprio terreno, como se pisa a palha na lixeira.
Livro de Salmos 23,1-6.
SENHOR é meu pastor: nada me falta. Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes. Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado dão-me confiança. Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos; ungiste com óleo a minha cabeça; a minha taça transbordou. Na verdade, a tua bondade e o teu amor hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do SENHOR para todo o sempre.
Carta aos Filipenses 4,12-14.19-20.
Sei passar por privações, sei viver na abundância. Em toda e qualquer situação, estou preparado para me saciar e passar fome, para viver na abundância e sofrer carências. De tudo sou capaz naquele que me dá força. Entretanto, fizestes bem em tomar parte na minha tribulação. E o meu Deus há-de compensar-vos plenamente em todas as necessidades, segundo a sua riqueza, na glória que se tem em Cristo Jesus. A Deus nosso Pai, a glória pelos séculos dos séculos! Ámen! Evangelho segundo S. Mateus 22,1-14.Tendo Jesus recomeçado a falar em parábolas, disse-lhes: «O Reino do Céu é comparável a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer. De novo mandou outros servos, ordenando-lhes: 'Dizei aos convidados: O meu banquete está pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está preparado. Vinde às bodas.’ Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio. Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos e mataram-nos. O rei ficou irado e enviou as suas tropas, que exterminaram aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade. Disse, depois, aos servos: 'O banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’ Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos aqueles que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de convidados. Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. E disse-lhe: 'Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele emudeceu. O rei disse, então, aos servos: 'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’ Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja Sermão 90


Revestir o traje de núpcias

Qual é o traje de núpcias de que fala o Evangelho? Com toda a certeza que esse traje é qualquer coisa que só possuem os bons, os que devem participar no festim… Serão os sacramentos? O baptismo? Sem o baptismo, ninguém chega até Deus, mas alguns recebem o baptismo e também não chegam até Deus… Talvez seja o altar e o que se recebe no altar? Mas, ao receberem o corpo do Senhor, alguns comem e bebem a sua própria condenação (1 Co 11,29). Que é então? O jejum? Os maus também jejuam. A ida à igreja? Os maus vão à igreja como os outros…Que será então esse traje de núpcias? O apóstolo Paulo diz: “Os preceitos não têm outro objectivo senão a caridade que nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem fingimento” (1 Tm 1,5). Eis o traje das núpcias. Não se trata de um amor qualquer, porque muitas vezes vemos homens desonestos amar outras pessoas…, mas não se vê neles aquela caridade “que nasce de um coração puro, de uma boa consciência, de uma fé sem fingimento”: ora é essa caridade que é o traje de núpcias.“Ainda que eu falasse todas as línguas do mundo, diz o apóstolo Paulo, se me faltar o amor, sou apenas bronze que ressoa, um címbalo retumbante… Ainda que eu fosse profeta, conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e tivesse fé até transportar as montanhas, se me faltar o amor, eu não sou nada” (1Co 13,1-2) … Poderia ter tudo isso, diz ele, mas, sem Cristo, “não sou nada”… Quantos bens são inúteis se um só bem vier a faltar! Se não tiver amor, ainda que distribuísse todos os meus bens, confessasse o nome de Cristo até derramar o meu sangue (1 Co 13,3), isso não serviria de nada, pois posso agir assim por amor à glória… “Se me faltar o amor, isso não serve de nada”. Eis o traje das núpcias. Examinai-vos: se o tiverdes, aproximai-vos com confiança do banquete do Senhor.