09 outubro, 2005

O AMOR PRÓPRIO VOZ DO PASTOR, DOM DADEUS GRINGS

Deus, ao criar o universo, deixou as marcas de seu amor em todas as coisas. Por isso todas elas são boas. Sua bondade vem de Deus. São criaturas suas. Referem-se a Ele. Mas além desta referência à razão de ser, todas as criaturas têm também um relacionamento entre si. Já os antigos viam no universo uma harmonia estupenda. Os gregos o chamavam de kosmos e os latinos de mundus. Fala-se de uma sinfonia do universo. Cada ser tem seu sentido de posição que ocupa no universo, conseqüentemente, pela ação que lhe cabe exercer. Podemos entender o amor pelo símbolo da atuação recíproca entre os corpos. O Sol atrai a Terra, mas não a absorve. Deixa-a na exata posição, onde ela possa existir e ter seu espaço próprio: não a solta para não se chocar contra qualquer astro e congelar, por falta de calor e de luz. Nem a absorve, puxando-a para dentro de seu fogo abrasador.
O universo, porém, careceria de sentido se não houvesse quem o pudesse conhecer e apreciar. Por isso, o ser humano é sua coroa, porque lhe dá sentido: pode referi-lo ao Criador e usufruir dele, como dom excelente, que lhe foi proporcionado. Este ser é, pois, fim em si mesmo. Vive e se relaciona conscientemente consigo, com o mundo, com os outros e com Deus. Isto significa que ele é pessoa. Por isso, sua existência é-lhe garantida para sempre. Mas o ser humano faz parte de uma espécie de seres que têm a mesma natureza e são todos pessoas. Como espécie não é apenas indivíduo. Necessita dos outros para nascer e se desenvolver. Descobre assim que ele é essencialmente social. É feito para amar e ser amado.
Parece um paradoxo: o ser humano é pessoa e, por isso, fim em si mesmo, mas também essencialmente social: foi criado para conviver. Ou inversamente, o ser humano é essencialmente social, isto é, feito para conviver, mas é também pessoa. Isto só se entende pela realidade do amor. Quem ama, deve necessariamente amar alguém: relacionar-se conscientemente com os outros: em primeiro lugar com Deus e, depois, com todos os que Deus colocou no seu caminho. Cabe-lhe acolhê-los. Não só interiorizá-los pelo conhecimento, mas ir a eles com o amor, querendo-lhes o bem que eles mesmos são e têm, na exata medida deles. Isto é amor autêntico. Mas é preciso registrar mais um amor que, por uma série de equívocos, nem sempre é devidamente valorizado: o amor próprio. É óbvio que o amor próprio deve ser verdadeiro. Isto significa que deve corresponder ao bem que existe em nós. Pode também ser falso. E o é toda vez que o amor próprio não corresponde ao valor que alguém possui: ou por excesso, ou por defeito. Quando este amor procura excluir os demais amores e fechar-se sobre si mesmo chama-se egoísmo e individualismo.
Iniciamos esclarecendo a natureza do amor próprio: o ser humano não apenas existe, ou, como dizem os filósofos existencialistas: não mais está aí. Ele tem consciência de si. Diz 'eu' e, conseqüentemente, pode dizer também 'meu'. Mas sua consciência não é como a de Deus: não coincide plenamente consigo mesmo. Conhece-se apenas em parte e só em parte tem consciência de si e, conseqüentemente, não se ama exatamente naquilo que é. Ama-se apenas na proporção da consciência que tem de si. Vem então o imperativo socrático: 'Conhece-te a ti mesmo'. A ele segue outro, que é o mandamento de Cristo: 'Ama-te a ti mesmo como eu te amo'. São Leão Magno, Papa, exortava: 'Cristão, reconhece a tua dignidade'. É preciso deixar-se amar e, por isso, amar-se devidamente.
Hoje se insiste, em termos de educação, na necessidade de desenvolver a auto-estima. Acolher-se das mãos de Deus Criador, de Cristo Redentor e do Espírito Santificador. Somos obra sua. Reconhecer este dom. É preciso aprofundar o sentido do amor e assim entender que devemos e podemos amar o próximo como a nós mesmos. O problema é que nós não nos amamos suficientemente, isto é, não nos amamos de modo objetivo, dentro do universo em que vivemos. Parece incrível que, no ano 2000, só para citar um exemplo, tenham morrido mais de 300 mil pessoas em guerra, mais de 500 mil em outros atos de violência, praticados por terceiros, e mais de 800 mil por suicídio. Estamos ainda longe da meta de ter o céu aqui na terra, onde reine só o amor. Mas a primeira renovação, que precisamos promover, é uma auto-estima mais condizente para que, como conseqüência do amor próprio, seja possível amar o próximo como a si mesmo.
Capital homenageia dom Dadeus - O arcebispo dom Dadeus Grings será homenageado no dia 13 de outubro, às 19h, com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. A concessão foi proposta pelo vereador Ervino Besson. A entrega será no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal, na avenida Loureiro da Silva, 255. Dom Dadeus nasceu em 7 de setembro de 1936, em Nova Petrópolis/RS. Seu lema de vida é 'A verdade vos libertará' (Jo 8,32). Foi eleito para a Comissão de Doutrina, na 33ª Assembléia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1995. Reeleito, em 1999, com o maior número de votos. Em 2000, dom Dadeus foi nomeado, por João Paulo II, arcebispo coadjuntor de Porto Alegre. Desde 2001 é presidente do Regional Sul 3 da CNBB.
Festa da Padroeira do Brasil - A Paróquia do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Ipanema, está promovendo a 69ª Festa em honra de sua padroeira, e Padroeira do Brasil. Até dia 11 acontece a novena com missa todas as noites, às 19h, abordando o tema 'A Igreja vive da Eucaristia'. No dia 12, após a procissão a pé, das 9h30min, serão rezadas missas de hora em hora. Depois da missa das 18h30min, haverá procissão luminosa, encerrando as festividades com fogos de artifício.
1ª Romaria da Paz - Bem aventurados os que promovem a paz é o lema da 1ª Romaria da Paz organizada pela Área Pastoral de Cachoeirinha do Vicariato de Gravataí. A caminhada ocorre dia 12. As procissões saem das Paróquias da Área e o local do encontro é no Parcão da Parada 57, às 16h, onde haverá missa presidida por dom Dadeus Grings e dom Jacinto Flach, com animação do Grupo Paz e Mel. Espera-se 10 mil romeiros.