11 outubro, 2005

As Metáforas de Teresa de Jesus


O ensinamento espiritual de Teresa estava baseado, de fato, em duas estimulantes e abrangentes metáforas para a vida de oração.
A primeira delas representa a imagem das várias fontes de água necessárias para irrigar um jardim. Teresa compara os estágios iniciais da oração (nossos primeiros esforços para nos livrarmos do pecado e começarmos a meditar) com o grande esforço exigido para carregar nos ombros, desde um poço distante, um balde d’água.
À medida que nossa vida de oração amadurece, entramos numa fase que ela chama de oração de quietude, um estágio agraciado de oração no qual experimentamos Deus como agente, enquanto nós ficamos mais passivos. Não nos esforçamos mais para carregar a água; é como se uma bomba a transportasse para nós.
No estágio seguinte, um período de aridez, descobrimos que não precisamos puxar água de longe, mas que existe um rio misterioso, o tempo todo presente, de cujas águas podemos nos utilizar para irrigar nosso jardim. E nesse estágio final de crescimento experimentamos a graça de Deus sendo derramada sobre nós, unindo-nos com a sua própria vida divina. É como se sobre nós caísse uma chuva abundante.
A segunda metáfora de Teresa vislumbra nossa alma como um castelo interior, no centro do qual habita a Santíssima Trindade. O crescimento na oração capacita-nos a entrar numa intimidade ainda mais profunda com Deus, traduzida por uma jornada progressiva pelos aposentos do castelo, desde as partes mais afastadas até o centro luminoso. Quando tivermos alcançado a união com Deus no grau mais pleno possível para nós nesta vida, teremos chegado ao centro de nós mesmos. Citando uma passagem de Castelo Interior ou Moradas, as “Sétimas Moradas”, capítulo 3:

A diferença que há aqui nesta morada é, pois, esta: quase nunca há
securas nem perturbações interiores como havia, de tempos em tempos,
em todas as outras. A alma está em quietação quase contínua. (p. 214).

Ambas as metáforas nos apanham com facilidade no início de nossa busca de união com Deus. Nenhuma delas interrompe a mais perfeita união possível nesta vida: a união com a divindade.
Sigamos o conselho de Teresa: Aconteça o que acontecer, não deixe de orar.
A oração é a base do amor a Deus – oração quando algo parece impossível; oração quando outros fazem de tudo para dissuadi-lo e abalar sua confiança; oração quando você não tem certeza se está sendo conduzido por Deus ou pelo mal; oração para agradecer e louvar. Enfim, orar sempre, pois
Amar é Rezar
Ama teu Deus pela oração!
Ele espera ansioso por isso...
Não é preciso dizer palavras bonitas ou frases de efeito.
Um “Obrigado, Senhor”, tão simples e direto,
Tem caminho aberto ao Coração Misericordioso.
O Bom Pai aguarda tua prece, pois quer que partilhes de Sua Fonte Inesgotável de Graças.
Como podes deixar de contar a Ele como te sentes?
Como não compartilhar tudo com teu melhor amigo?
Abre teu coração e tudo será curado.
Pede que Ele te diga apenas uma palavra e serás salvo.
Suplica que Ele te escute e tuas dores serão dissipadas
E Ele secará as lágrimas de teu desespero.
Não esqueças jamais que Ele te ama e é preciso que retribuas esse amor.
Reza e estarás amando.
Ars Júlia