28 abril, 2006

Sobre a leitura e o Evangelho de hoje

Um breve comentário sobre a liturgia de hoje:
Na leitura desta sexta-feira podemos notar dois aspectos interessantes. Primeiro o que fala o farizeu, Gamaliel, acerca das obras dos apóstolos. "Deixai-os! Se o seu projeto ou a sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá, mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós vos arriscaríeis a entrar em luta contra o próprio Deus."
Quantas vezes, precipitadamente, julgamos e condenamos nossos irmãos? Nem sempre possuímos o discernimento adequado, outras vezes vamos na onda de outros que sem nenhum escrúpulo julgam e condenam. Tivemos, a não muito tempo, o incidente na mídia acerca da Opus Dei não foi? Não poderíamos ter feito como o farizeu? Deixai-os, se esta obra for de Deus permanecerá, se não for acabará. É simples, além de um profundo desprendimento há uma grande entrega a Deus e uma profunda confiança, de que, Ele própio garantirá o discernimento dos fatos. Essa passagem nos ensina a deixar Deus fazer parte do julgamento, nos ensina a deixar o Senhor agir por si mesmo. Nos diz que nem sempre temos razão e que as vezes devemos primeiro olhar, esperar, conhecer, então discernir. É a sábia prudência.
Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus.
Daqui tiramos o segundo aspecto interessante da leitura. Os apóstolos sentiram-se felizes por terem sofrido pelo nome de Jesus. A pergunta que podemos fazer a nós é a seguinte: O que me deixa feliz? Na fé, na caminhada espiritual, nos meus sofrimentos, no meu cotidiano, o que me deixa feliz? O que faço pelo nome de Jesus? A essas perguntas fica a resposta no coração.
O Evangelho de hoje é a famosa multiplicação dos pães. O milagre da partilha. Os apóstolos perceberam a limitação que havia em alimentar aquele povo, e o Senhor, após testar Filipe, realiza o grande milagre alimentando aquela multidão. Certamente não alimentou somente seus corpos mas também seus espíritos. No entanto quiseram eles, aquele povo, arrebatá-lo e proclamá-lo rei, Jesus percebendo este erro retira-se para o monte. Neste momento evidencia-se a missão de Jesus. Ele não era um profeta político que iria derrubar os romanos e estabelecer um reino israelita, mas o Deus Vivo que veio libertar o homem, não mais das escravidões como a do Egito, mas da escravidão do pecado. Um Deus que vem em socorro do homem mostrar-lhe o amor que sempre existiu em seu coração. A dificuldade do povo, inclusive dos apóstolos em entender a sua missão forçava Jesus a retirar-se em determinados momentos. Assim quando tomamos as rédias de nossa vida julgando, condenado por livre vontade, apegando-se as coisas do mundo, não percebemos quando as obras são de Deus e quando são as obras do homem, e acabamos obrigando Jesus a se retirar. Que esta semana possa ser uma semana de profunda oração e façamos como o Salmista que não quer retirar-se da presença de Deus e diz: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.