04 abril, 2007

A cruz e o sofrimento

Há um belíssimo canto religioso de ação de graças (Graças dou por esta vida) que numa de suas estrofes diz: Pela cruz e o sofrimento e também ressurreição, pelo amor que é sem medida, pela paz no coração. Pela lágrima vertida e o consolo que é sem par. Pelo dom da eterna vida, sempre graças hei de dar. A cruz, e com ela o sofrimento, é uma prova dramática a qual todo ser humano tende a enfrentar. E o sofrimento gera conflitos profundos, que podem levar a perder o gosto pela vida e até clamar pela morte. A sensação é de abandono e impotência. Porém, para a pessoa madura, de uma fé invejável, a cruz e o sofrimento são medicina, são a oportunidade de uma maior entrega e confiança, de uma resignação sem limites. Garantia de um final feliz não tem, pois cada pessoa é única e irrepetível. O certo é que sempre se diz que Deus não coloca uma cruz maior sobre nossos ombros, a não ser aquela que podemos suportar. É a estória fantástica de um homem que se queixava diante do Senhor pela sua cruz pesada demais e, portanto, sendo injustiçado. Até que um dia Nosso Senhor disse-lhe que na periferia da cidade havia um cemitério de cruzes e que deixasse lá a sua e escolhesse uma que seria suportável. Foi lá, deixou a sua sobre o monte de cruzes, começou a revirar as tantas cruzes, a experimentá-las uma após outra, até que achou a mais conveniente para seus ombros. Levou-a feliz para casa e na sua oração agradeceu ao Senhor que enfim achara a cruz justa. Pois foi nessa hora que Nosso Senhor lhe disse: Filho, acabaste de levar para casa a mesma cruz que lá deixaste, pois coloco nos ombros somente aquela que cada um pode carregar.



Pe. Pedro Alberto Kunrath
Pároco universitário.