09 março, 2006

Poema século - XVII.

Nesta publicação um poema lírico sobe Deus. De autoria de Gregório de Matos, poeta que teve uma série de problemas com a Igreja, mas que, também, exerceu uma série de cargos dentro da mesma. Gregório de Matos tinha, inclusive, um irmão padre. Apesar das bobagens que escreveu contra a Santa Igreja, ressalta-se esse belo poema de cunho penitente. Acompanhe!



“Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja Fé protesto de viver;
E em cuja Santa Lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pis vejo minha vida anoitecer;
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de u pai, manso Cordeiro.

Mui grande é vosso amor, e o eu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.”